Um espelho para outros sujeitos: o poder pastoral e a mística de Marguerite Porete
Ano de defesa: | 2025 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Filosofia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23609 |
Resumo: | A presente tese tem como objetivo montar um arquivo a partir de três objetos: o poder pastoral tal como pensado por Michel Foucault; o texto místico de Marguerite Porete; e a crítica feminista proposta por Luce Irigaray. Em 1976, Michel Foucault publicou o primeiro volume do projeto História da Sexualidade, que tinha por finalidade analisar o papel da sexualidade na sociedade ocidental, projeto que se realizou como uma genealogia da subjetividade a partir da análise dos discursos. A pesquisa então retrocedeu ao estudo de textos greco-latinos e foi finalizada no volume IV, As Confissões da Carne, que investiga obras dos primeiros séculos do cristianismo, abordando o tema do batismo, da penitência, da sexualidade e da confissão. A obra também busca compreender de que modo as práticas do cristianismo produzem o sujeito e que influências têm na constituição de um tipo de poder nomeado “pastoral”. Nesse contexto, Marguerite Porete, beguina que viveu entre os séculos XIII e XIV, e escreveu apenas uma obra: O Espelho das almas simples e aniquiladas e que permanecem somente na vontade e no desejo do amor, pode ser entendida como uma dissidência cristã da lógica confessional estudada por Foucault. Em sua genealogia da subjetividade, Foucault singulariza como a sujeição, o interior individual, é produzido a partir das práticas de disciplina intermediadas pelo pastor. É essa mediação que é colocada em cheque por Porete. A partir da teologia negativa, Porete propõe que o encontro/união com Deus seja precedido pela aniquilação da alma. Compreendendo, então, a teoria de Marguerite Porete como contraconduta aos termos do poder pastoral, a tese buscará pensar as consequências do pensamento da autora aos problemas da subjetividade entrevistos pela genealogia foucaultiana. Nesse sentido, a leitura da mística como contraduta também permitirá mostrar como o espelho poretiano, se articulado ao Speculum de Luce Irigaray, pode ser lido como uma subversão de meios e fins, possibilitando uma forma de linguagem que leva em consideração a alteridade, uma vez que possibilita a desarticulação da linguagem simbólica masculina promovida pelo poder pastoral. |