“Onde foi que eu errei?” – Reflexões sobre a culpa e a culpabilização das mães de jovens em situação de cumprimento de medida socioeducativa de internação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Paz, Mariana Ingrid de Oliveira Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Ciências Sociais
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19170
Resumo: Esta tese apresenta uma análise sobre os processos de culpa e culpabilização das mães de jovens do sexo masculino e que estão cumprindo medida socioeducativa de internação no CAI-Baixada Belford Roxo/RJ, a partir das narrativas dessas mulheres-mães. Para tanto, foi empregada a observação direta, a realização de entrevistas semiestruturadas e de conversas informais com as mães que frequentavam a Casa Mãe Mulher, localizada próximo ao CAI-Baixada, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense/RJ. Averiguou-se que a culpa e culpabilização possuem diversos sentidos: enquanto um sentimento vivenciado pelas mães; a culpa imputada (atribuída às mães, contudo, para algumas delas, nem sempre ela se torna um sentimento ou algo incorporado em seu cotidiano, demonstrando a possibilidade de agência dessas mães); a culpa ressentida, enquanto um “peso” a ser carregado ou uma espécie de “ônus”; a culpa atribuída ao pai; e a culpa atribuída ao filho, enquanto dimensões que estão em constante relação. As noções de cuidado, maternidade, maternagem e família foram imprescindíveis para o entendimento de como esses sentidos da culpa, relacionados às mulheres-mães, são construídos e reproduzidos socialmente. Além disso, observou-se como a Família, o Estado (pensando o CAI-Baixada e a atuação da Polícia), a Justiça Socioeducativa e a igrejas evangélicas (principalmente a Igreja Universal do Reino de Deus) são instituições que fazem parte de uma dinâmica da construção e da imputação da culpa, e da caracterização da identidade dessas mães enquanto “boas mães” ou “mães de bandido”. A provação religiosa, o martírio de mãe e a mudança foram questões que surgiram no decorrer da análise envolvendo e, ao mesmo tempo, sendo envolvidas pela culpa. Observou-se, também, como os rumores e as fofocas fazem parte do cotidiano dessas mães e formam uma determinada sociabilidade entre elas, que está ligada, principalmente, à realidade de seus filhos dentro e fora do CAI-Baixada. Constatou-se como a culpa e a culpabilização estão presentes e são mobilizadas por essas mães em suas trajetórias de vida. Por fim, foi percebida a criação de um tipo peculiar de sujeição, a sujeição materno-culposa, referente à subjugação e subordinação dessas mulheres-mães às determinadas lógicas e práticas hegemônicas relativas aos modelos normativos sobre ser uma “boa mãe”, atuando na construção de suas identidades e subjetividades.