Correlação entre o epitélio duodenal, marcadores inflamatórios, fibrose hepática e microbiota intestinal em pacientes com diferentes graus de tolerância à glicose e adiposidade corporal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lopes, Fernanda de Azevedo Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12567
Resumo: Ainda é pouco conhecido o papel da microbiota intestinal (MI) e sua relação com determinadas comorbidades em estudos clínicos. Parece-nos bastante promissor supor que a disregulação da MI, associada às alterações morfofuncionais do epitélio intestinal e consequente maior permeabilidade da mucosa ao LPS (lipopolissacarídeo), deflagraria o gatilho necessário ao estabelecimento da inflamação sistêmica de baixo grau intimamente associada à resistência insulínica e ao fenótipo inflamatório do obeso. Neste estudo transversal, investigamos as associações entre marcadores séricos inflamatórios, morfofuncionalidade e microbiota intestinais e o grau de esteatose/fibrose hepáticas em indivíduos com diferentes graus de tolerância à glicose e de adiposidade corporal. Quarenta e seis indivíduos com índice de massa corporal entre 20 e 40 kg/m2, disglicêmicos ou não, foram distribuídos nos grupos controle (C), obeso (OB) e obeso com diabetes (OBD). Avaliamos o perfil inflamatório e bioquímico através de dosagens séricas, que foram realizadas nos tempos basal, 30 e 60 minutos após ingestão de refeição padrão. As amostras do epitélio intestinal foram coletadas por meio de biópsias duodenais na endoscopia digestiva alta, tendo sido estudadas as expressões proteicas (Western-blot) da miosina, fosfomiosina, relação fosfomiosina: miosina e β-actina, além da análise da vilina (imunohistoquímica) e atividade da fosfatase alcalina intestinal (ensaio enzimático). Para avaliação do grau de fibrose e esteatose hepáticas utilizamos o FibroScan® e, por fim, a análise da microbiota fecal por técnica de PCR (reação em cadeia de polimerase). O LPS se relacionou diretamente com os índices de adiposidade corporal, assim como os demais marcadores inflamatórios (fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), proteína de ligação ao LPS (LBP), interleucina-6 (IL-6) e ferritina. Além disso, houve uma relação inversa do LPS no tempo 60 minutos com a espessura total do epitélio intestinal e altura do vilo. Ainda em relação ao epitélio intestinal, a β-actina foi a proteína estrutural com maior relevância, sendo inversamente relacionada ao IMC, aos marcadores de resistência insulínica, às provas de função hepáticas e aos índices de elastografia. A fosfatase alcalina intestinal (FAI) seguiu padrão semelhante, também sendo inversamente relacionada à glicose, hemoglobina glicada e gamaglutamil transferase. A microbiota intestinal apresentou grande variabilidade individual, não sendo possível correlacionar qualquer filo à parâmetros específicos no presente estudo. Na comparação entre os grupos, não observamos diferenças entre o LPS, proteínas estruturais, análises histomorfométricas e microbiota intestinal. A atividade da FAI foi maior no grupo C, comparado ao OBD, sendo o oposto dos índices de fibrose e esteatose hepáticas, mais significantes no grupo OBD, conforme esperado. De forma importante, demonstramos que a fosfatase alcalina intestinal se encontra mais ativa em indivíduos magros, em comparação aos obesos. Além disso, encontramos associações entre esta e os marcadores de resistência insulínica. Observamos tam bém o provável papel protetor da β-actina e a relação entre determinadas variáveis histomorfométricas e o LPS. Por fim, os objetivos principais desta pesquisa foram concluídos, pois conseguimos comprovar que existem associações entre os parâmetros estudados e constatamos que o epitélio intestinal pode estar alterado no fenótipo inflamatório presente na obesidade e na disglicemia, independente do perfil microbiano intestinal. Tais dados merecem ser investigados futuramente, a fim de permitir melhor entendimento na fisiopatologia da obesidade e de algumas de suas comorbidades.