Entre o individual e o coletivo: as estratégias de resistência adotadas por trabalhadoras de cozinha em restaurantes no Brasil e na Espanha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Minuzzo, Daniela Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20651
Resumo: O objetivo desta pesquisa doutoral foi compreender as estratégias de resistência de mulheres trabalhadoras de cozinhas de restaurantes comerciais às desigualdades e discriminações de gênero no trabalho no Brasil (Rio de Janeiro) e na Espanha (Barcelona). Para tal, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, pela construção de mosaico científico composto por pesquisas bibliográfica e empírica em que foram coletados relatos pelo método biográfico por meio de 24 entrevistas individuais em profundidade com trabalhadoras de restaurantes de ambos os países. A análise consistiu na identificação inicial de temas, que foram codificados em uma segunda etapa para o agrupamento em categorias. A pesquisa empírica revelou categorias de estratégias de resistência no setor, além de discussões sobre as temáticas da relação com outras mulheres, maternidade, raça e conciliação da vida pessoal, especialmente a produção de alimentos no lar, com as carreiras remuneradas das sujeitas de pesquisa. No grupo temático das estratégias, os códigos identificados foram agrupados nas seguintes categorias: inserção e permanência; esforço e dedicação; postura e ação direta; autonomia, empreender e ter negócios próprios; acúmulo de experiências; dimensão coletiva; e limites da resistência. Os resultados demonstram uma variedade de estratégias individuais e coletivas acionadas pelas sujeitas da pesquisa para resistir no trabalho no setor de restaurantes. As estratégias individuais foram no sentido de adequar-se e cumprir os padrões esperados de sucesso no setor, aderindo a uma racionalidade neoliberal e manipulando seus comportamentos e modos de agir no trabalho de modo a desafiar os estereótipos e papéis de gênero esperados para elas. Já as estratégias coletivas envolveram as construções de alianças no trabalho e o compartilhamento de transcrições ocultas em uma rede de informações no setor que busca alertar colegas sobre locais ou chefes que exercem más práticas. Na comparação das experiências descritas pelas trabalhadoras de ambos os países se observou mais similaridades que diferenças, ainda que algumas destas tenham se destacado, como a identificação da temática racial no Brasil, a maior centralidade da maternidade e do empreendedorismo na Espanha e uma aparente estrutura mais forte das transcrições ocultas no Rio de Janeiro. Apesar dos desafios e desigualdades enfrentadas pelas trabalhadoras de cozinhas de restaurantes, essas mulheres são sujeitas/agentes políticas em seu espaço de trabalho e para além dele, capazes de articular estratégias, individuais ou coletivas, para romper, fragmentar ou desestabilizar, em alguma medida, as discriminações e desigualdades de gênero no mercado.