O papel ecológico de eventos de molhabilidade foliar na resposta de plantas à seca: Respostas funcionais entre ecossistemas e cenários climáticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Zorger, Bianca Butter
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20389
Resumo: Investigar os mecanismos por trás da vulnerabilidade de organismos à seca permanece como um intrigante e crescente tópico na ecologia. No entanto, o impacto da seca, seja natural ou intensificada pelas mudanças climáticas na vegetação, é ainda focado nas flutuações na precipitação, enquanto o papel ecológico dos eventos de molhabilidade foliar (i.e. recursos complementares de água absorvidos via folha, como neblina e orvalho) é ainda negligenciado. Nesse sentido, o objetivo dessa tese foi avaliar o papel ecológico das fontes complementares de obtenção de água na vulnerabilidade de plantas à seca em diferentes ecossistemas e cenários climáticos. Para alcançar esse objetivo, no primeiro capítulo, nós avaliamos os benefícios e custos dos eventos de molhabilidade foliar em plantas, usando cinco características funcionais ecofisiológicas (i.e. potencial hídrico foliar, fotossíntese, condutância estomática, transpiração foliar e fluxo de seiva). Após a análise de 252 observações pertencentes à 45 estudos ao longo de oito fitofisionomias, identificamos que eventos de molhabilidade foliar elevam a hidratação de plantas, embora não influenciem na fotossíntese e na transpiração foliar. Adicionalmente, verificamos que a hidratação se torna menos eficiente à medida que a altitude aumenta e as chuvas fracas diminuem, sugerindo que estes fatores são importantes mediadores dos efeitos de molhabilidade foliar na vegetação. No segundo capítulo nós investigamos quais espécies de plantas, se em campos de altitude ou floresta tropical chuvosa, são mais vulneráveis à seca. Através de 13 características funcionais morfo-fisiológicas nós identificamos que plantas de floresta são mais vulneráveis à seca em relação as de campos. No entanto, apesar da maior sensibilidade à seca na floresta, ambos ambientes podem se tornar mais vulneráveis à seca nas próximas décadas, uma vez que os campos estarão menos expostos à neblina, o que já pode estar sendo experienciado com base nos poucos eventos de neblina registrados no período de estudo em campos. Por fim, no capítulo 3 se apresenta modelos paleoclimáticos com base em características funcionais de plantas que não só são capazes de reconstruir o clima passado, como podem indicar mudanças futuras na flora. Tais modelos evidenciaram que ecossistemas nebulares de altitude quando sob maior temperatura e precipitação exibiram uma maior proporção de plantas com características conservativas sugerindo que o aumento da precipitação não é capaz de minimizar os efeitos da temperatura e da altitude no modelo de estudo. Além disso, os mecanismos por trás das predições foram melhor compreendidos quando descritos por características fisiológicas. Os resultados dessa tese trouxeram evidências de que eventos de molhabilidade foliar influenciam na vulnerabilidade de plantas à seca entre ambientes e cenários climáticos, de forma que tais eventos já não devem ser negligenciados e sim considerados na avaliação de vulnerabilidade de plantas à seca e na construção de modelos climáticos mais realísticos.