Os patrões da vida loka: uma etnografia do corpo no crime

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Martins, Rafael Losada
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Estudos Sociais e Políticos
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20112
Resumo: Esta tese versa sobre a participação de jovens no tráfico varejista de drogas realizado por coletivos criminais, denominados facções, e processos de subjetivação e corporalização. O objetivo principal é descrever e analisar processos de espacialização territorial e corporal de dinâmicas criminais e, dessa forma, contribuir para a compreensão da reprodução social desses coletivos (inclusive, de suas atividades econômicas). Para tanto, foi realizada pesquisa etnográfica em um bairro da Região Metropolitana de Salvador, cujo trabalho de campo buscou apreender e descrever a adesão de jovens à facção local, a participação deles na rotina do comércio varejista de drogas, os atos intencionais de violência física, perpetrada e/ou sofrida, os estilos de vida e práticas de consumo. Em um primeiro momento, após descrever a territorização de processos supralocais recentes – relacionados às dinâmicas criminais, aos mercados ilegais (de drogas e armas de fogo) e legais e à ação estatal – e seus efeitos sobre o cotidiano do bairro, a tese analisa a persona do patrão da vida loka e desenvolve a hipótese segundo a qual transformações na subjetividade e na sociabilidade de participantes dos mercados ilegais indicam a emergência de uma modalidade distinta de agenciamento coletivo do desejo, interpretada através da noção de “crime-dispêndio”. Na sequência, para avançar a compreensão acerca dos processos de encorporação do crime-dispêndio e seus efeitos sobre a subjetividade e sociabilidade, a tese explora uma dimensão constitutiva do ordenamento social das facções, a saber, o (des)encaixe semântico entre corpo e território, fabricado através do acionamento de duas cadeias miméticas: corpo, território e facção; e, perpetrador, arma e corpo da vítima. A análise da operacionalização dessas cadeias miméticas em situações envolvendo conflitos violentos revela a importância delas tanto para a constituição da coletividade facção e a produção de alteridades radicais, quanto para a produção da aura de poder desses coletivos. Por conseguinte, conclui-se que esses processos de investidura mimética do corpo integram o fundamento da reciprocidade violenta que caracteriza o funcionamento dos mercados ilegais no bairro.