Estruturas do Português Brasileiro oral e a Educação de Jovens e Adultos: o caso das orações relativas e da concordância com sujeito pós-verbal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Goulart, Raiane Quimente Armando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21959
Resumo: Este estudo debruça-se sobre o Português Brasileiro (PB) oral, focalizando duas estruturas sintáticas que apresentam variação expressiva: as estruturas relativas e o fenômeno de concordância verbal, particularmente com o sujeito posposto. Discute-se o que constituiria a gramática internalizada com que um indivíduo chega à escola e o que a escola propõe que seja dominado, de acordo com a gramática da modalidade escrita-padrão. Estabelece-se uma comparação entre o ensino regular (grupo controle) e a EJA, modalidade ainda pouco considerada nos estudos linguísticos, a respeito da influência de fenômenos do PB oral no processo de escolarização e que poderia trazer variantes específicas para a escola e apresentar maior dificuldade na apreensão da norma culta. Nessa perspectiva, este estudo analisa os aspectos no que se refere ao que é apresentado nos compêndios gramaticais para a escrita e ao que se encontra no ambiente linguístico característico do PB. Como arcabouço teórico, esta pesquisa baseia-se na teoria gerativa (CHOMSKY, 1957 e posteriores) e nas concepções da Sociolinguística Variacionista. Adota-se coleta de dados, de produção e de compreensão, de base experimental, a partir de paradigmas como a produção eliciada (THORNTON, 1996) e o julgamento de aceitabilidade com escala Likert. Desenvolveu-se, ainda, um questionário sociocultural. Os dados obtidos foram tratados quantitativamente, por meio de análises estatísticas, e qualitativamente. Em relação aos experimentos de produção para as relativas, notou-se pontos em comum entre os grupos, como a baixíssima ocorrência de relativas do tipo padrão na função de objeto indireto/oblíquo e genitivas e um número significativo de produção de relativas do tipo cortadora. Os resultados do experimento de aceitabilidade confirmaram que a cortadora se mostra mais bem avaliada no contexto de relativas mais complexas. Os dois grupos diferenciam-se em um único ponto: a EJA avalia melhor a estratégia resumptiva. Em relação ao experimento de produção para a concordância verbal, verificou-se um desenvolvimento da EJA. No que se refere ao julgamento de aceitabilidade, de maneira geral, os resultados indicam que o ensino regular aceita melhor a concordância redundante, particularmente, no contexto de sujeito pré-verbal. No contexto de posposição, não se verificou distinção. Assim, verifica-se que a escola é mais incisiva com as variantes estigmatizadas. Ou seja, mesmo considerando-se o ambiente escolar como o grande responsável por colocar o falante em contato com as regras da gramática culta, pouco acionadas no uso coloquial, algumas estratégias do tipo não padrão, não estigmatizadas, acabam não sendo tão impactadas por esse esforço da escola em apontar o que não é condizente. As regras da norma culta, ausentes da gramática internalizada do alunado, ou apresentando muito pouca frequência de uso e que precisam ser então aprendidas via ensino formal para expandir a periferia marcada da gramática de um letrado brasileiro (KATO, 2005) nem sempre substituem todas as instâncias do tipo padrão de um dado fenômeno. Nesta pesquisa, foi possível ver como relativas do tipo não padrão e concordância não redundante são distintamente impactadas. Busca-se, então, conscientizar o professor sobre a importância de considerar as variantes trazidas pelos alunos, para, a partir delas, por meio de metodologia ativa, auxiliá-los a transitarem mais confortavelmente pelas variações presentes na língua