“Trilhas” nas políticas curriculares no contexto brasileiro: “signo tido como milagre”
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17354 |
Resumo: | Esta pesquisa discute o cenário contemporâneo da educação no Brasil, que vem se deslocando em função da crescente participação do terceiro setor nas discussões sobre as políticas curriculares. As análises de Stephen Ball sobre redes de políticas, em que o autor aborda a questão das parcerias público-privadas nas políticas educacionais, inspiram a pesquisa e orientaram a definição do objeto de estudo: problematização do movimento do Projeto Trilhas, proposto em 2009, um dos projetos educacionais de um Instituto brasileiro – o Instituto Natura – vinculado diretamente à empresa Natura Cosméticos S.A. Desde o início de sua proposição, o Projeto Trilhas visa à formação continuada de professores alfabetizadores. Em 2018, houve algumas reformulações no Projeto, ressaltando-se o aprimoramento de conhecimentos através de cursos referenciados pela Base Nacional Comum Curricular e da troca de experiências entre educadores de todo Brasil. A escolha do Projeto, como estudo de caso dos movimentos de redes de políticas e ampliação de outros agentes políticos na produção de políticas curriculares, deve-se ao reconhecimento pelo Ministério da Educação de que o Trilhas se trata de uma importante política pública brasileira, sendo destacado como uma tecnologia eficaz, junto a metodologias e projetos de alfabetização já desenvolvidos em escolas públicas no Brasil. Interroga-se o Projeto Trilhas, em diálogo com Homi Bhabha, a partir de suas análises literárias, numa perspectiva pós-estrutural e pós-colonial, destacando-se as discussões acerca de autoridade e ambivalência. Essas noções subsidiam a problematização do movimento do Trilhas, de maneira fluida e dinâmica, como parte do jogo duplo, ambivalente, que tenta fixar sentidos para o trabalho do professor alfabetizador. Assim, os aportes teóricos dessa pesquisa articulam as noções de Bhabha ao pensamento do filósofo Jacques Derrida, considerando a problematização que Derrida sugere em relação ao deslocamento real/virtual como movimentos fronteiriços ficcionais. A realidade, então, como actifactuality e actuvirtuality, tal qual Derrida propõe, deve ser problematizada como um artefato ficcional que se desloca continuamente entre a atualidade e a virtualidade. Neste sentido, operando com o pensamento derridiano e com as noções de autoridade e ambivalência propostas por Homi Bhabha, analisa-se o material empírico com foco, a partir da inspiração no trabalho de Stephen Ball sobre etnografia de redes, nos materiais relativos ao Projeto Trilhas, disponíveis no Portal Trilhas – plataforma online do Projeto –, considerando também os cruzamentos desses materiais com outros projetos do Instituto Natura. Mais ainda, são analisados depoimentos postados no YouTube sobre o Projeto Trilhas e sobre a importância da leitura e da escrita, bem como vídeos, postados por professores, também no YouTube, sobre o trabalho de leitura e escrita, em referência ao Projeto. Conclui-se que o Trilhas, ainda que busque exercer um signo de autoridade na disputa pela fixação do que significa ser professor, movimenta-se de forma ambivalente e, nos jogos de linguagem em que se encena, performa outras possibilidades de significação como produções híbridas e incontroláveis pelos aparatos de poder. |