A experiência do lógos do mundo estético em Merleau-Ponty pela mediação corpo-percepção-mundo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Rose Mary Costa Rosa Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16848
Resumo: Este trabalho parte de uma leitura da filosofia de Merleau-Ponty centrada na noção de “Lógos do mundo estético” como mediado pela relação de imbricação corpo-percepção-mundo, fundamentando-se no pressuposto de que se trata de um conceito fundamental da fenomenologia contemporânea e da estética. Este trabalho assume, portanto, a tarefa de mostrar que, a partir da filosofia de Merleau-Ponty é possível defender-se a tese da existência de um logos do mundo estético como logos do mundo sensível, ou seja, uma unidade indivisa do corpo e das coisas, que desconhece a ruptura reflexiva entre sujeito e objeto e, portanto, é o sensível que assume o solo anterior da atividade reflexiva lhe dando origem numa perspectiva filosófica que não considera mais a reflexividade como o apanágio da consciência e nem a visibilidade como o apanágio do objeto como é próprio de uma metafísica dualista da tradição. A Experiência do Lógos do mundo estético pela mediação corpo-percepção-mundo é que funda e promove o sentido tornando possível a intersubjetividade como intercorporeidade. Assim, através da relação estesiológica corpo-percepção-mundo, o logos do mundo estético se manifesta mostrando que é nessa região que emergem as categorias que se constituirão como possíveis para a própria reflexão. O logos do mundo estético é anterior às categorias do pensamento e constitui-se como região originária da aesthesis que nasce e faz renascer o sentido a cada vez que percebemos o mundo através do corpo numa relação quiasmática da ordem do indivisível, de forma pré-reflexiva, ante judicativa, ontológica-originária. A tese mostra que a presença originária do mundo, por sua vez, pode ser identificada como logos estético abrindo-se para a descoberta de uma fenomenologia da vida, na qual a paisagem é anterior à geografia e a palavra anterior à gramática. Por conseguinte, justifica-se uma investigação que irá pensar o logos estético que se exprime no universo da corporeidade, da sensibilidade, dos afetos, do ser humano em movimento no mundo, imerso na cultura e na história que é prenhe de sentido. Do mesmo modo, partindo de uma compreensão merleau-pontiana o corpo na experiência estética será considerado enquanto corpo que percebe e a relação da percepção na existência do logos do mundo estético. Somando-se a isto, o corpo será pensado a partir da perspectiva “corpo no mundo”, ou seja, corpo que carrega o mundo em si numa relação quiasmática, e porque carrega, é lócus do lógos do mundo estético e nele se opera o logos prophorikós ou logos proferido conforme dito em O Visível e Invisível, mas também o logos endiathetos como interior ao mundo que traz o sentido prévio à própria lógica. Finalmente esta tese buscou mostrar o sentido que há em se pensar o corpo como “corpo vivido”. Esse corpo é corpo-mundo e ele se constitui não propriamente no espaço cartesiano, como asseverou Merleau-Ponty em O Visível e invisível, mas no mundo estético. E este mundo estético é, sobretudo espaço de transcendência, espaço de incompossibilidades, de eclosão, de deiscências, e não um espaço objetivo-imanente. Será através do logos do mundo estético e não da razão ou da consciência que se funda ou institui o universo da expressão como o primeiro estabelecimento da racionalidade. Esse foi o caminho filosófico que fez Merleau-Ponty reabilitar a ontologia do sensível.