Hábitos alimentares do boto cinza (Sotalia guianensis, Van Bénéden, 1864) (Cetacea: Delphinidae) nas baías de Sepetiba e da Ilha Grande (RJ)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Torres, Nerelle Vital da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Faculdade de Oceanografia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Oceanografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21648
Resumo: Os cetáceos influenciam toda a dinâmica de um ecossistema, pois são os principais consumidores em diversos níveis tróficos e a compreensão dessa função fornece dados capazes de avaliar o devido impacto de sua predação em diversas populações de presas e na estrutura dessas comunidades. O boto-cinza (Sotalia guianensis) é uma espécie de delfinídeo que ocorre em águas costeiras e estuarinas, desde Honduras até Santa Catarina (BR), e tem como alimento principal peixes, cefalópodes e camarões. O objetivo desse estudo foi investigar o hábito alimentar do boto-cinza nas baias de Sepetiba e da Ilha Grande, analisando as principais presas consumidas e comparando em relação ao sexo, maturidade sexual, sazonalidade e entre as baías durante os anos de 2007 a 2021, incluindo o período de mortalidade atípica associada à morbilivirose dos cetáceos. As análises foram realizadas a partir dos estômagos coletados de 419 botos-cinza na Baía de Sepetiba e de 95 botos-cinza na Baía da Ilha Grande. As presas foram identificadas com auxílio de coleções de referências e as estimativas de comprimento e biomassa foram realizadas através de equações de regressão presentes na literatura. No total, foram identificadas 42 espécies de presas na Baía de Sepetiba e 30 espécies na Baía da Ilha Grande, sendo os peixes teleósteos da família dos Sciaenidae os mais encontrados. O boto-cinza, em ambas as baías, apresentou uma alimentação predominantemente composta por peixes teleósteos, seguido por cefalópodes e camarões. O peixe teleósteo mais representativo na Baía de Sepetiba foi a corvina (Micropogonias furnieri) e na Baía da Ilha Grande foi o mamangá-liso (Porichthys porosissimus). Dentre os cefalópodes, a espécie mais representativa foi a lula Doryteuthis plei em ambas as baías. Não foi possível analisar a importância dos camarões. Os botos-cinza foram divididos em quatro grupos para análise de acordo com sexo e maturidade sexual: fêmeas imaturas, fêmeas maturas, machos imaturos e machos maturos. Na Baía de Sepetiba, o peixe teleósteo mais representativo para os botos-cinza machos maturos foi a sardinha-boca-torta (Cetengraulis edentulus) e para os demais botos-cinza foi a corvina. Na Baía da Ilha Grande, o mamangá-liso foi o mais importante para os botos-cinza maturos (fêmeas e machos), porém para os imaturos os peixes teleósteos mais representativos diferiram entre os sexos. A lula D. plei continuou sendo o cefalópode mais representativo para todos os grupos. Em relação a sazonalidade, a maior abundância e riqueza de presas foi na estação fria/seca, porém não houve mudanças nas presas mais representativas. Durante o evento de morbilivirose, mais de 70% dos estômagos foram encontrados vazios. Sendo assim, esse estudo é uma importante contribuição para o conhecimento do hábito alimentar das populações de boto-cinza nas duas baías. Visto que são poucos os registros detalhados sobre hábitos alimentares na literatura e reforçam a importância da conservação e manejo da espécie, assim como a importância da preservação das regiões.