Aspectos históricos, legais, éticos e médico-psiquiátricos da amputação voluntária de membros saudáveis.
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4505 |
Resumo: | O desejo pela amputação de membros saudáveis tem sido chamado de apotemnophilia, transability, body integrity Identity disorder e xenomelia. Nessa condição rara, o indivíduo considerado saudável física e mentalmente apresenta um desejo intenso e duradouro de amputação. Ao relacionar esse fenômeno com outras formas de transformação corporal, como a body modification, tatuagem, piercing, cirurgias plásticas estéticas e cirurgias com fins médicos, verifica-se que o desejo pela amputação voluntária representa um caso único, singular. Ainda sem uma nosologia médico-psiquiátrica, esse fenômeno tem sido capturado por diversas áreas de saber em uma tentativa de conhecer sua etiologia, compreender sua fenomenologia e propor critérios diagnósticos e de tratamento adequados. Enquanto as formas de tratamento medicamentoso e psicoterapêutico têm se mostrado ineficazes, a cirurgia cada vez mais emerge como a única solução viável mas ainda não possível legalmente. A autonomia dos corpos é regulada pelas leis e pelo dispositivo médico que, até o momento, consideram essa demanda uma forma de agressão à integralidade do corpo e uma possível expressão de um transtorno mental ou neurológico. Devido ao estigma que essa condição recebe, os indivíduos preferem se manter no anonimato e esconder seu desejo. Suas causas são ainda desconhecidas, mas sabemos que é na infância que esse desejo se instala. A quantidade de membros a ser amputados varia, chegando a casos extremos de quádrupla amputação. A linha de amputação pode ser exata, mas o desejo pode migrar de membro. Esse desejo, mesmo sempre presente, pode apresentar variações em sua intensidade. A simulação da deficiência desejada e a automutilação são algumas práticas realizadas pelos que não sustentam a angústia desse desejo. Nesse contexto, as demandas por cegueira, surdez e paralisia também devem ser contempladas. Ao desejarem voluntariamente representar um corpo fora da normalidade, esses indivíduos questionam e desafiam as definições de autonomia, normalidade, integridade corporal, deficiência e incapacidade. |