Os saberes de enfermeiros e usuários na visita domiciliar da Estratégia Saúde da Família: diálogos entre o científico e o popular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Kebian, Luciana Valadão Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11159
Resumo: A visita domiciliar é apontada como uma prática na qual o enfermeiro aproxima-se da realidade de vida do usuário, permitindo a definição de condutas mais coerentes com as necessidades de saúde da população. Defende-se que um dos fatores que auxilie nesta questão seja a proteção do lar, a qual proporciona liberdade no diálogo e exposição de saberes por parte do usuário. No entanto, o modelo médico-hegemônico prioriza o saber científico em detrimento do popular. Isto faz com que os enfermeiros possam desconsiderar os conhecimentos advindos dos usuários, dificultando o diálogo e distanciando a sua conduta da perspectiva que os usuários apresentam do processo saúde-doença. Neste sentido, definiu-se como objetivo geral conhecer os saberes científicos e populares presentes na visita domiciliar do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família, buscando observar os canais de diálogo e de construção compartilhada de conhecimentos com os usuários. Este é um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, cuja coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, com 25 enfermeiros e 18 usuários da Estratégia Saúde da Família da cidade do Rio de Janeiro e 38 observações simples de visitas domiciliares realizadas por estes enfermeiros. Para análise dos dados das entrevistas e das observações simples, foi utilizada a técnica de análise hermenêutica-dialética. Constatou-se que a visita domiciliar é considerada elemento diferencial da Estratégia Saúde da Família e, com ela, pode-se construir vínculos intensos e afetuosos entre enfermeiros e usuários. Identificou-se, ainda, que o saber científico é preponderante sobre o popular na visita domiciliar do enfermeiro. Além disso, a maioria dos enfermeiros não consideram o saber popular como um modo válido de cuidado à saúde e, por isso, não articulam esse saber com o científico na visita domiciliar. Contudo, a pesquisa revela algumas experiências exitosas de articulação desses saberes e mostra que quando o profissional permite um diálogo aberto e horizontal, saberes diversificados são expostos. Neste caso, a visita domiciliar torna-se promotora da aproximação e da troca entre os saberes, colocando os sujeitos envolvidos no caminho da construção compartilhada de conhecimentos. Conclui-se que a pluralidade e o reconhecimento de saberes abrem espaço na visita domiciliar para o diálogo e para a construção compartilhada de conhecimentos entre enfermeiros e usuários, confirmando a tese proposta. A visita domiciliar do enfermeiro ainda possui o desafio de concretizar os canais de diálogo através de relações horizontais que promovam o reconhecimento e a articulação de saberes, assim como são necessários esforços contínuos e sistemáticos de enfermeiros e de gestores para o aperfeiçoamento e a efetivação dos objetivos desta prática.