Estudo da hipermutabilidade em espécies do complexo Burkholderia cepacia isoladas de pacientes com fibrose cística
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Microbiologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18702 |
Resumo: | O complexo Burkholderia cepacia (CBc) é um grupo formado por 24 espécies, a maioria associada a infecção pulmonar crônica em pacientes com fibrose cística (FC), e promovem aceleração do declínio da função pulmonar. O ambiente pulmonar dos pacientes com FC exerce pressão seletiva sobre os patógenos, levando a emergência de características adaptativas a sua persistência. Entre elas, destaca-se a hipermutabilidade (HPM) que se caracteriza pelo aumento na taxa de mutação espontânea e está presente majoritariamente em infecções crônicas. A relação entre o HPM e resistência a antimicrobianos tem sido descrita. Este trabalho objetivou investigar a ocorrência de cepas HPM em espécies do CBc isoladas de pacientes FC com infecção pulmonar crônica. Foram analisadas 147 amostras de CBc isoladas entre janeiro de 2010 à julho de 2018 de 30 pacientes com FC assistidos em dois centros de referência no Rio de Janeiro. A caracterização de amostras HPM foi realizada a partir da determinação da frequência de mutação pelo crescimento em meios sem (população selvagem) e contendo rifampicina (subpopulações). As amostras foram submetidas ao teste de susceptibilidade pela técnica de disco-difusão. Vinte e seis amostras (17,7%) foram classificadas como HPM e observada em 12 (40%) dos pacientes colonizados pelo CBc. A caracterização de amostras HPM dentre as espécies mostrou esse fenótipo em três das sete espécies identificadas: B. multivorans, foi a espécie com maior percentual (n=6/18;33,3%), seguida de B. cenocepacia (n =17/57;29,8%), independente do genomovar, e B.vietnamiensis (3/65;4,61%). Entre as amostras identificadas como B. cenocepacia (n=57), o genomovar IIIA apresentou o maior percentual de HPM (12/26; 46,15%), provavelmente por representar a cepa mais virulenta da espécie, com maior potencial de adaptação à ambientes estressantes, como o do pulmão de pacientes com FC. A análise temporal da distribuição das amostras HPM por paciente, mostrou diversos cenários, sendo que a maioria dos pacientes apresentou apenas uma amostra HPM durante o acompanhamento e apenas dois pacientes mostraram todas (P2) ou a maioria (P26) das amostras classificadas como HPM. A presença de cepas HPM e não HPM da mesma espécie (B. cenocepacia IIIA) com longos intervalos de tempo entre elas foi observado (P6), sendo uma provável reinfecção pela mesma espécie. O encontro da mesma espécie (B. cenocepacia IIIA) com fenótipo HPM e não HPM no mesmo espécime clínico (P13), sugere a possibilidade de coexistência entre a cepa selvagem e a subpopulação a qual deu origem. A comparação do perfil de resistência entre as amostras selvagens e as subpopulações resistentes à rifampicina do CBc, não mostrou diferenças em relação aos antibióticos testados. Embora não tenha sido possível estabelecer essa relação, vale destacar que as mutações podem desempenhar um importante papel na seleção de genes que favorecem as adaptações metabólicas, quorum sensing, aderência à superfície do epitélio respiratório e a sobrevivência em ambientes com baixos níveis de oxigênio. |