Vidas em ebulição, miopias e falas interditadas: o trato ficcional de crianças de pés descalços em Inferno, de Patrícia Melo, e em A vida que ninguém vê, de Eliane Brum
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17163 |
Resumo: | “Meninos de romance” é uma categoria encontrada em Riedel (1980) para personagens carregadas de denúncias sociais que ecoam por meio da literatura. Inserido nessa temática, o presente trabalho tem como objetivo apresentar como as formas de abandono de crianças são ficcionalmente tratadas pela literatura brasileira contemporânea, aqui representada pelo romance Inferno, de Patrícia Melo (2000), e por seis crônicas selecionadas do livro A vida que ninguém vê, de Eliane Brum (2006), do qual também são estudadas as fotografias que antecedem cada narrativa. O conjunto molda o abismo entre dois mundos, o real e o desejado, e entre dois territórios que são o mesmo: a cidade sem nenhuma sutileza, vivenciada por crianças que, como a Maria-Nova de Conceição Evaristo, crescem “violentamente por dentro”. A voz predominante nas duas obras é a da terceira pessoa e a pergunta norteadora deste trabalho é: o que esses olhares compõem? Para além da reprodução de estereótipos, o olhar para cada tragédia apresentada, aqui mobilizado pela literatura e pela filosofia, possibilita a desnaturalização de imagens histórica e socialmente construídas sobre tais personagens. Para isso, o trabalho está dividido em três capítulos, ocupados dos universos de cada personagem, compreendendo realidade e fantasia; do confronto das personagens com a cidade, considerando como o mundo as recebe e leituras em defesa da insubordinação do olhar; e das condições das personagens para perceber e enunciar o vivido. Trata-se da captação poética de vidas historicamente não vistas. A gradual mudança de enfoque, dos “meninos de romance” para as “crianças com olhos de velho”, categoria descrita por Eliane Brum (2017), aproxima o leitor de algum nivelamento de olhares com tais personagens, recuperadas esteticamente pelo fazer literário. Ao mesmo tempo em que não tratamos de meras reproduções de fatos, como em uma notícia de jornal, esse entrecruzamento de histórias novamente nos indica a sua repetição, pela semelhança entre as trajetórias de abandono |