Discursos sobre um povo da fronteira Brasil-Paraguai: A construção da memória não indígena acerca dos Guaicuru (1795-1860)
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em História |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21924 |
Resumo: | Os primeiros contatos de portugueses com o que chamaram de sertões do oeste se deram através de explorações de bandeirantes. Foram estes os primeiros a encontrar, confrontar e terem seus interesses frustrados pelas resistências de um povo indígena que chamaram de ‘índios cavaleiros’, pelo uso do cavalo em suas investidas. O contato entre lusos e indígenas, os Mbayá-guaicuru (ou, apenas, Guaicuru), durante boa parte do período colonial, foi marcado pelos atritos, recorrentemente custosos às forças e aos interesses colonialistas. Durante o século XIX, um forte pensamento evolucionista histórico foi perpetuado em escritos de intelectuais, tanto na Europa quanto na América, essa sob influência da primeira. O tal pensamento, embora herdeiro do Iluminismo do século anterior, não deixou de perpetuar uma moralidade cristã estabelecida desde muito antes. No Brasil, assim como em outros países da América Latina, o Oitocentos foi marcado por um projeto político, moldado por interesses de grupos de poder, que intencionaram a construção de um ideal de nação brasileira, apartado de uma origem unicamente portuguesa. No processo que tomou forma, diferentes figuras foram ressignificadas de acordo com esses interesses, a exemplo de povos indígenas. A pesquisa aqui proposta, buscou compreender a construção dos discursos oficiais acerca dos Guaicuru, um povo originário da região fronteiriça entre o Brasil e o Paraguai, examinando quais aspectos foram ressaltados e depreciados, perante a memória coletiva, com ênfase para a cultura política que se estabeleceu a respeito desse povo por parte de não indígenas, moldada pelos interesses plurais que tomaram forma no Brasil Oitocentista. As motivações que permearam discursos sobre esses indígenas, associados à questão de terra e trabalho, também tiveram atenção ímpar nesse trabalho. Essa dissertação foi embasada por um corpus documental contendo relatórios de militares, relatos de viagem, obras de estudiosos, debates parlamentares e jornais, datados desde os primeiros anos após o Tratado de Paz (1791) entre a Coroa portuguesa e os Guaicuru, e estendendo-se até o período prévio ao início da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870). |