A residência pedagógica como política de formação inicial e continuada de professores: uma análise crítica
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação - Processos Formativos e Desigualdades Sociais |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19891 |
Resumo: | Este trabalho apresenta investigação realizada com o objetivo principal de compreender o papel do Programa Institucional de Residência Pedagógica (PIRP) na política de formação de professores para a educação básica, no cenário sociopolítico após o golpe jurídico-parlamentar-midiático de 2016, analisando como se dá sua recontextualização em duas Universidades federais – a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Buscamos compreender que concepções de formação esta política representa e com quais projetos políticos se relaciona, bem como quais são os desafios postos à formação de professores no Brasil em um cenário de disputas em meio a processos de desmontes e retrocessos educacionais e políticos. Para essa análise, utilizamos a abordagem do ciclo de políticas públicas, formulada por Stephen Ball (1993, 1994) e colaboradores, por considerarmos que este referencial nos permite explorar a natureza complexa da política, ressaltando a atuação dos agentes locais, como explicita Mainardes (2018). Investigamos a contribuição do PIRP para a formação inicial dos licenciandos e para a formação continuada dos professores, segundo as avaliações dos sujeitos envolvidos e o cotejamento de dados do programa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 20 sujeitos que atuaram como coordenadores institucionais e docentes orientadores do programa e aplicado questionário com 90 residentes. A pesquisa adota uma perspectiva qualitativa a partir de uma análise referendada em uma concepção sócio-histórica e crítica da educação, com base em Gramsci (1999) e Freire (1967, 1979), bem como autores do campo da Formação de Professores, dos quais destacamos Luis Carlos de Freitas (2012, 2018), Helena de Freitas (2018), e Marcia Angela Aguiar (2019), entre outros. Nossa pesquisa mostrou que o PIRP está vinculado às reformas empresariais da educação (FREITAS, 2018), que se alinha a uma concepção de educação baseada na defesa do livre mercado, em que a qualidade da educação depende da inserção de escolas, professores e estudantes em um mercado concorrencial, sem interferência do Estado. O PIRP bem como outras iniciativas no campo da formação de professores e gestores, age no sentido de controlar e forçar a implementação da BNCC nas escolas pelas instituições formadoras, materializando uma flexibilização da formação e uma descaracterização da profissão docente. Nossa pesquisa mostrou como as universidades estudadas recontextualizaram o programa em seu contexto da prática reinterpretando e traduzindo suas determinações para acomodá-la a uma concepção de educação como prática social, constituída na totalidade da unidade teoria-prática e comprometida com sua natureza ética e política, favorecendo uma experiência reflexiva e de construção progressiva de saberes docentes. Defendemos que a manutenção da lógica de financiamento da política de formação por meio de programas de concessão de bolsas se constitui em um mecanismo de persuasão da comunidade acadêmica para conformação aos projetos políticos dos grupos que estão no poder. Nesse processo destacamos a importância da autonomia universitária para que os sujeitos pudessem manifestar formas de resistência às reformas impostas. |