O legado do herói: políticas de guerra e produção de masculinidades na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rocha, Bárbara Silva da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
War
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21985
Resumo: A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro é uma organização que mobiliza reflexões. Via de regra, por se tratar de uma instituição que desperta afetos e paixões, quando reconhecida como campo de pesquisa, faz emergir na cena discursos polarizados, notadamente entrelaçados a aspectos controversos da sociedade. Dobrada pela imensidão do mundo “sangue azul”, esta tese almeja acompanhar o conjunto de forças que conformam as tramas identitárias da caserna. Enquanto planos narrativos, o clamor à heroificação policial concorre com a dimensão subjetiva e objetiva da brutalidade, principal insígnia da PMERJ para a população fluminense, conferindo a dinâmica a que temos assistido nos últimos anos. Compreendendo a Polícia Militar como uma arena de disputas territorializadas por linhas duras e inflexíveis, o presente trabalho intenciona esquadrinhar, no uso do método cartográfico, as fissuras constantes no processo de criação dos códigos e símbolos institucionais, pretensamente homogeneizantes. Nas páginas registradas, as vozes daqueles/as que ajudaram a tecer as vivências compartilhadas: homens e mulheres, do quadro de oficiais e de praças, que integram o círculo hierárquico da Polícia Militar do estado. É nesse contexto, que a pesquisa propõe avançar por pistas capazes de questionar os caminhos frequentemente trilhados no âmbito da segurança pública, de forma a elucidar uma paisagem que não apenas radicaliza supostos lados, mas que a todo tempo também os rivaliza. Para tanto, visando acionar uma série de recursos que fazem ver e falar os binarismos que regulam o campo, os dispositivos de “gênero” e “guerra” ocupam posições centrais neste texto. Eles são elementos potentes na invenção dos analisadores que permitem mapear as forças em jogo, em meio à tarefa de traçar sentidos que escapem à leitura dicotômica de uma realidade que ansiamos transformar. No front da contenda, também morre quem atira. Entusiasta do combate, na presteza da missão, o “homem-de-guerra”, não pode se deixar abater diante dos riscos. Esse é o pressuposto viril que o constitui. No sacrifício do legado, o resultado não haveria de ser outro: uma polícia cada vez mais desgastada, corrompida e letal. A investida guerreira é cruel, ela encaminha à exaustão e, em última análise, na geração de vidas descartáveis, intima a morte.