Síndrome de Williams e linguagem: avaliando as habilidades linguísticas mediadas pelo domínio cognitivo visuoespacial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Renata Martins de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17781
Resumo: A Síndrome de Williams-Beuren (WILLIAMS, 1961; BEUREN, 1962) constitui-se a partir de um perfil cognitivo único ocasionado por uma desordem genética que compromete múltiplos genes da região cromossômica 7q11.23 (GARCIA et al., 1964) e que chama atenção não somente do ponto de vista genético, mas também no que diz respeito ao desempenho dessa população nos mais variados domínios cognitivos. Usualmente descrito a partir de um perfil de picos e vales (BELLUGI et al., 2000), ainda hoje existem questionamentos acerca das habilidades comprometidas ou não na síndrome. Uma vez que ainda hoje não há um consenso sobre a preservação do domínio cognitivo linguístico em indivíduos com SW (REILLY; KLIMA; BELLUGI, 1990; BELLUGI et al., 1990, 1992, 1994; KARMILOFF-SMITH et al., 1997; THOMAS et al., 2001; TEMPLE; CLAHSEN, 2002; BROCK, 2007; FISHMAN, I et al., 2011; KARMILOFF-SMITH, 2015; CASHON, C.H et al., 2016; FAN et al., 2017; ROSSI; GIACHETI, 2017), o estudo pretende, a partir de avaliações específicas, promover uma investigação que considere a hipótese de que possíveis atipicidades encontradas no desempenho linguístico desses indivíduos podem ser tomadas como interferências indiretas no domínio da linguagem advindas de outros domínios cognitivos. Nesta pesquisa especificamente, observa-se o comportamento linguístico, particularmente em relação a aspectos do domínio visuoespacial, comprovadamente comprometido pelo apagamento do gene LIMK1. Para tal, assume-se um modelo de língua proposto pela Teoria Gerativa, mais especificamente aquele adotado pelo Programa Minimalista (Chomsky, 1993 e subsequentes), a partir de sua incorporação em modelos de processamento (CORRÊA, 2008; CORRÊA & AUGUSTO, 2013; LEVELT, 1996) de modo a identificar as etapas envolvidas nos processos de produção e compreensão e como se articulam com as interfaces assumidas com outros módulos cognitivos, preservando-se, assim, uma noção de derivação linguística stricto sensu, mas que estabelece relações com outros módulos cognitivos. A população observada, 10 indivíduos com SW, foi submetida a uma avaliação cognitiva e uma anamnese. Ademais, a fim de avaliar o domínio cognitivo linguístico stricto sensu bem como evidências do possível impacto causado por déficits cognitivos em outros domínios na performance linguística dos indivíduos com SW, a tese conta com 4 avaliações linguísticas divididas entre testes que incluem demandas visuoespaciais e tarefas linguísticas sem demandas visuoespaciais: (i) o MABILIN – Módulo 1 constitui-se de um instrumento avaliativo já utilizado para analisar a compreensão de estruturas de alto custo computacional (CORRÊA, 2000) e que não inclui demandas visuoespaciais; (ii) o Teste de Julgamento de Questões Sintáticas e Semânticas testa questões de subcategorização sintática e anomalia semântica, particularmente em PPs, sem demandas visuoespaciais; (iii) o Teste de Compreensão de Relações Espaciais: Verbos de movimento avalia a compreensão de sentenças com distintos verbos de movimento a fim de observar o impacto do domínio visuoespacial na performance linguística desses indivíduos; e, por fim, (iv) o Teste de Eliciação de Narrativas com Verbos de Movimento investiga a produção de narrativas a partir de vídeos que incluem deslocamentos e fornecem dados sobre o desempenho linguístico stricto sensu, como tipo e complexidade de orações utilizadas, assim como questões relativas ao domínio cognitivo visuoespacial. Os resultados indicam, em termos amplos, desempenho satisfatório nas avaliações linguísticas e maior dificuldade com a codificação de aspectos visuoespaciais, apresentando, no entanto, uma variabilidade individual relevante, que não parece estar correlacionada com distinções na avaliação cognitiva. Assume-se, no entanto, a relevância de se observar, conforme defendem Landau & Lakusta (2006) possíveis interferências advindas de limitações de memória, distrações, atenção, interesse, levando a erros na performance real dos indivíduos com SW e que não comprometem o conhecimento da linguagem em si. Desse modo, a presente pesquisa entende que os dados descritos aqui vão ao encontro da hipótese de que eventuais atipicidades observadas na performance linguística de indivíduos com SW podem advir da interface entre a linguagem e outros domínios cognitivos, como, particularmente o aqui testado, o domínio visuoespacial