Entre o Púlpito e o Altar: Allan Kardec e os debates entre espiritismo, ciência e religião na França do século XIX (1858-1869)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pimentel, Marcelo Gulão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18301
Resumo: Durante o século XIX, o constante processo de secularização da sociedade representou o afastamento entre os discursos científico e religioso. Nesse sentido, surgiram diversos escritores e intelectuais que reagiram a esse processo, buscando conciliar o discurso racional e científico com a religião. O professor francês Allan Kardec (1804-1869) foi um dos primeiros intelectuais a criar uma nova filosofia com consequências morais, através da investigação de fenômenos anômalos considerados metafísicos, que tiveram grande repercussão na sociedade, mobilizando cientistas e intelectuais. Assim, o presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar os discursos científico e religioso empregados por Allan Kardec na elaboração do espiritismo. A pesquisa se concentrou na leitura e na análise, no idioma original, de toda obra publicada por Kardec. Foram obtidos e analisados documentos originais inéditos de Kardec. Fontes secundárias foram utilizadas como ferramentas de interpretação e de contextualização do seu trabalho. Os resultados obtidos mostram que o processo de afastamento entre ciência e religião foi marcado por diversos conflitos políticos que tinham como meta "higienizar'' a prática científica de temas considerados religiosos ou metafísicos. A secularização da sociedade também promoveu novas formas de espiritualidade que buscavam adaptar valores iluministas como progresso e reforma social, em consonância com teses religiosas, como reencarnação e justiça divina. Allan Kardec levantou e testou diversas hipóteses para explicar os fenômenos mediúnicos e concluiu pela existência dos espíritos, desenvolvendo um método para obter informações úteis e confiáveis sobre o “mundo espiritual”. O objetivo dele era naturalizar o domínio espiritual, fazendo dele um objeto de investigação racional e empírica para identificar as leis naturais que regeriam as supostas relações entre espíritos desencarnados e a humanidade encarnada. Por meio do estudo dos processos de investigação e de elaboração das teorias de Allan Kardec para os casos específicos das chamadas manifestações espirituais e para o caso do espelho psíquico, percebe-se a busca de uma ampla e diversificada base empírica, bem como a construção progressiva e a reformulação de teorias explicativas. O espiritismo se apresentou como uma forma de espiritualidade secular que rejeitava a insistência iluminista em dividir ciência e religião, adaptando as ideias de razão e progresso em suas propostas espirituais. O estudo conclui que Allan Kardec merece ser lembrado como um intelectual francês que desenvolveu pesquisas pioneiras sobre a mediunidade e contribuiu na construção de caminhos de integração entre o conhecimento científico e o conhecimento religioso no período.