Cultura na Segunda República Espanhola: uma questão de Estado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferreira, Anderson Albérico de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23532
Resumo: O presente estudo se caracteriza por analisar a atuação do Estado espanhol na construção das políticas culturais (TEIXEIRA COELHO, 1997; UNESCO; 1969) desenvolvidas pelos governos do regime da Segunda República Espanhola, tendo como elemento articulador a obra constitucional e a produção legislativa do Ministério de Instrucción Pública y Bellas Artes entre os anos de 1931 e 1939. A partir da nova leitura e abordagem sobre o poder propostas (GIL PUJOL, 2006; DE LARA, 196), como eixo teórico-metodológico, apontou-se para a relação dos mecanismos jurídicos e as construções do campo simbólico através do processo de instrumentalização da cultura pelos atores políticos. Como os conceitos de hegemonia, contra-hegemonia (JACKSON LEARS, 1985; SCHLESENER, 2007) e guerras culturais (HUNTER, 1991) implicam uma negociação constante de poder e aquiescência num quadro geral de dominação e o desejo de mudar a consciência popular em torno de certas questões ideológicas, eles contribuíram para evidenciar nossa hipótese de que os republicanos e progressistas espanhóis usaram a cultura e a educação –ou seja, o campo simbólico e ideológico– para travar a sua disputa de posições contra as elites que lhes eram opostas –representadas por grupos tradicionais como a igreja, o exército e os grandes latifundiários–. Buscou-se também, compreender como essas elites políticas e intelectuais tentaram responder a esta guerra tanto ideológica, travada durante todo regime, como àquela bélica, materializada a partir de 1936. O trabalho surge como uma forma de contribuição aos avanços ocorridos nas últimas décadas na historiografia sobre o período, sobretudo quanto ao enfoque da análise sobre a sociodinâmica da cultura. Neste quadro historiográfico se destacou, em particular, as contribuições de Tuñón de Lara (1987), Huertas Vásquez (1988) e Sandie Holguín (2003), cujas reflexões centram-se nos projetos e iniciativas emanadas do Estado espanhol em matéria cultural na década de 1930 e na organização administrativa através da qual foram canalizadas. De modo geral, verificou-se que a cultura e a educação foram usadas como elemento de transformação e estabelecimento de consenso social. O valor que o Estado Republicano deu à cultura, como elemento fundamental da transformação nacional, foi tão significativo que acabou por se constituir em sua própria essência. Esse período de grande ação cultural por parte do Estado iniciou um projeto de revolução cultural encaminhado pela busca do desenvolvimento de uma cidadania cultural na população espanhola, mas em seus anos finais marcou a ascensão de uma política cultural que apontava para o autoritarismo, silenciamento e uma forte intervenção na produção cultural através censura. As sucessivas quebras e choque de desenhos de governo fizeram com que o campo da cultura experimentasse um período de inaugurações, desafios e ausências.