As doenças negligenciadas e suas representações sociais: um estudo com profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Charles Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11111
Resumo: As doenças negligenciadas são caracterizadas por um grupo de enfermidades infecciosas que atingem principalmente a população de baixa renda nos países em desenvolvimento, com poucos investimentos em pesquisa e tecnologia para avançar no controle, na prevenção e tratamento medicamentoso. São assim denominadas também pelo fato de não despertarem o interesse econômico e financeiro das grandes indústrias farmacêuticas proporcionando a continuidade do ciclo da pobreza e diminuição da qualidade de vida das pessoas. O objetivo geral foi analisar as representações sociais acerca das doenças negligenciadas para os profissionais de saúde com ênfase nas dimensões conceitual e prática destas representações. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com sustentação na Teoria das Representações Sociais, em suas abordagens processual e estrutural, realizada com 90 profissionais de saúde que atuam em instituições de atenção primária e secundária à saúde, no município de Jequié/BA. A pesquisa aconteceu em três fases distintas, a saber: na primeira fase aplicou-se a técnica de evocações livres, com uso do termo indutor: doenças negligenciadas, sendo analisadas pela técnica do quadrante de quatro casas, com auxílio do EVOC, versão 2005; na segunda etapa, retornou-se ao campo de pesquisa, para aplicar ao um total de 27 participantes do mesmo grupo anterior, os instrumentos de testes de centralidade: a constituição de pares pareados e os esquemas cognitivos de base. Foram analisados pela análise de similitude e pelos índices de valência, respectivamente. Na terceira fase aplicou-se o instrumento da entrevista em profundidade, para 27 profissionais de saúde, sendo analisados com auxílio do IRAMUTEQ através da análise lexical mecanizada. Na análise estrutural, identificou-se o núcleo central, com os elementos descaso e ignorância, que organizaram as representações sociais dos profissionais de saúde em um contínuo que foi da dimensão individual à político-social, perpassando pelas dimensões socioindividual e imagética. Com relação ao conteúdo, no âmbito da abordagem processual, encontrou-se um corpus geral constituído por 27 entrevistas, separados em 1.076 segmentos de textos (ST) com aproveitamento de 1.043 STs (96,93 %). Emergiram 38.421 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), sendo 2.349 palavras distintas e 978 com uma única ocorrência. O conteúdo analisado foi categorizado em 07 classes distintas que evidenciaram as dimensões teórica e prática das representações sociais. As representações sociais dos profissionais de saúde sobre as doenças negligenciadas possuem uma atitude normativa, apesar de conviverem cotidianamente em seu ambiente de trabalho com estas enfermidades. Isto implicou na construção de julgamentos com elementos negativos, por parte dos profissionais de saúde, sobre as condutas e práticas dos sujeitos que compõem a tríade (indivíduo, equipe de saúde e gestores) no enfrentamento das doenças negligenciadas. Conclui-se que, as representações sociais dos profissionais de saúde acerca das doenças negligenciadas gerenciam e influenciam suas práticas de cuidado, modificando a realidade que os cerca e protagonizando novos saberes e conhecimentos indispensáveis para o controle, a prevenção e o tratamento destas entidades mórbidas.