Conhecimento etnobotânico das comunidades quilombolas do Sudeste do Brasil
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23401 |
Resumo: | Comunidades quilombolas apresentam um histórico na sabedoria ancestral associada aos recursos vegetais. Com o passar dos anos, algumas comunidades podem ter o seu modo de vida e o vínculo com as plantas afetados, ocasionando na erosão de antigas práticas. Estudos que registrem as informações sobre as plantas nessas comunidades podem contribuir para o conhecimento da biodiversidade e visibilidade dos elementos culturais locais. Em um primeiro momento (capítulo 1) este estudo teve como objetivo identificar e avaliar estudos etnobotânicos realizados em comunidades quilombolas do Sudeste do Brasil. Posteriormente (capítulo 2), buscando contribuir com o conhecimento sobre essas comunidades na região, o estudo objetivou realizar um levantamento etnobotânico no quilombo Boa Esperança, Areal, Rio de Janeiro. Para a avaliação dos estudos etnobotânicos do Sudeste do Brasil foram seguidas as recomendações PRISMA através de uma revisão sistemática e meta-análise. Enquanto o levantamento de campo foi realizado através de entrevistas semiestruturadas com dez residentes do quilombo Boa Esperança, registrando as espécies de plantas e características associadas ao conhecimento tradicional. Através da revisão sistemática foram considerados 14 estudos que contemplavam 19 quilombos para a avaliação das características e da similaridade de plantas. Os estudos apresentaram dados e abordagens heterogêneas, com concordâncias apenas no levantamento de informações sobre gênero e idade dos entrevistados. Foram extraídos um total de 830 espécies vegetais abrangendo 131 famílias botânicas, sendo a mais representativa Fabaceae (n = 106). Os estudos apresentaram um expressivo número de plantas exclusivas nos quilombos em relação ao número total de espécies (n = 549, 66%). Foram encontrados três grupos significativamente diferentes entre os estudos, apresentando similaridades de plantas entre 15 - 35%. O baixo número de artigos etnobotânicos publicados em revistas científicas na região (n = 6) demonstra uma invisibilidade da cultura local relacionada ao conhecimento de plantas. No estudo realizado no Quilombo Boa Esperança, os interlocutores citaram 99 espécies pertencentes a 43 famílias botânicas, sendo Asteraceae a família mais recorrente (n = 9). A maior parte das plantas são medicinais (n = 61) e alimentícias (n = 56). As indicações de uso das plantas mais frequentes foram doenças do aparelho digestivo (n = 13), enquanto as doenças do sistema circulatório obtiveram maior consenso entre os participantes. Alternanthera brasiliana, Cunila microcephala, Mentha spicata e Plectranthus barbatus foram as espécies mais representativas em relação aos índices de uso, concordâncias e indicações. Foi relatado o desinteresse no uso das plantas pelos jovens e a redução do conhecimento sobre as plantas na comunidade. Os conflitos territoriais e extensas lutas pelos direitos no quilombo parecem contribuir para o menor uso das plantas e reprodução do conhecimento tradicional. Em síntese, os resultados encontrados em ambas as abordagens demonstram que a socialização do conhecimento tradicional não documentado é importante para que os saberes locais não se percam ao longo dos anos. Este estudo fornece uma caracterização dos estudos etnobotânicos já existentes no Sudeste do Brasil e contribui com a documentação do conhecimento botânico quilombola e do patrimônio genético vegetal da região. |