José Saramago leitor de Montaigne: a presença dos Ensaios nos Cadernos de Lanzarote

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barrozo, Naiara Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17873
Resumo: O objetivo desta tese é mostrar alguns dos elementos assimilados por José Saramago enquanto leitor dos Ensaios (1580), de Montaigne, que estão presentes na composição dos seus Cadernos de Lanzarote. Não se trata de tentar equiparar os escritores ou, ainda, de ver em um, a mera aplicação dos conceitos encontrados no outro. Trata-se, antes, de perceber como o escritor do século XX assimila pontos importantes trazidos por um escritor do século XVI extremamente atual, para lidar com questões que o movem, dentre questões políticas, existenciais e relativas à própria teoria da literatura. Em vista disso, nossa bibliografia principal é composta pelos diários produzidos pelo escritor português no final dos anos de 1990, assim como pelos Ensaios de Montaigne (1580). A fim de empreender do melhor modo possível o que foi proposto, o texto será dividido em quatro partes. Na primeira, apresento aspectos gerais do projeto que Saramago desenvolve nos Cadernos, assim como tento dar a ver de que maneira Montaigne surge nesse contexto. Farei isso a partir da análise da apresentação escrita em abril de 1994 para introduzir o “Diário I”, que chamo de carta ao leitor. Como veremos, o que Saramago propõe é a escrita de um texto especular, que tem como paradigma os Ensaios. Após constatar a familiaridade, o segundo capítulo delineia a ideia de ensaio com a qual estamos trabalhando, expondo este conceito a partir de seus elementos genológicos. Continuando o percurso, o terceiro capítulo será dedicado à compreensão do ensaio de Montaigne no sentido de observá-lo como texto especular a partir de algumas noções centrais como: amizade, eu, prolongamento e consubstancialidade. Finda esta etapa, vamos retornar a Saramago. No quarto e último capítulo, voltamos aos Cadernos para tentar perceber como estes elementos que observamos estão presentes no projeto do escritor português. Como restará claro ao fim do percurso, a escrita saramaguiana em questão, vincula-se intrinsecamente à ideia de ensaio e sua figura, dentro e fora das obras, à figura do ensaísta, mesmo que sua obra não possa ser tomada como ensaio e que o escritor nunca se identifique totalmente, de fato, com essa escrita.