Os verbos modais poder, ter que e dever na aquisição do português brasileiro: dados longitudinais e experimentais
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23049 |
Resumo: | Esta dissertação realiza uma investigação a respeito do uso dos verbos modais poder, ter que e dever na aquisição do Português Brasileiro (PB), tendo como objetivo geral verificar o momento em que a criança utiliza cada um desses verbos e quais são as suas possíveis interpretações. Adota-se o arcabouço teórico da Teoria Gerativa, desenvolvida por Noam Chomsky (1959 e subsequentes), que segue uma perspectiva inatista na aquisição da linguagem. O foco principal deste estudo é a aquisição do conhecimento implícito da linguagem pelos falantes, uma questão clássica dentro desse arcabouço. A perspectiva formal é adotada, aproximando a modalidade à lógica antiga, vinculando-a aos conceitos de "possível" e "necessário". Para Gomes e Mendes (2018), as sentenças modalizadas comunicam informações sobre estados de coisas que poderiam ou deveriam existir, formalmente capturadas por meio de mundos possíveis. Ao explorar os verbos modais no contexto do PB, a análise de Kratzer (1991, 2012) tem sido aplicada para avaliar a complexidade da modalidade. Além disso, apresenta-se uma análise dos modais de acordo com a interface sintaxe-semântica, interpretando a proposta de Kratzer por Hacquard (2006) a partir da estrutura sintática defendida por Cinque (1999, 2006), que propõe diferentes nós para as modalidades epistêmicas e de raiz, estabelecendo uma conexão entre o acesso à informação contextual em momentos distintos da derivação sintática. Para a coleta de dados, adota-se um estudo longitudinal com uma criança acompanhada dos 1;11 aos 5;0 anos, averiguando quando e em que contextos são usados os verbos modais poder, ter que e dever, além de um estudo experimental com crianças de 6-7 anos, tendo por objetivo verificar se elas têm preferências semelhantes aos adultos no uso de ter que e dever para leitura de raiz (que diz respeito à permissão, obrigação, necessidade, desejo e condição em função de fatores inerentes ao indivíduo) e epistêmica (que indica possibilidade e necessidade com base em evidências) baseando-se em Pessotto (2015), que encontrou uma preferência acentuada de dever para a leitura epistêmica em um estudo com adultos. No que diz respeito à aquisição de verbos modais em crianças no PB, temos como referência o trabalho de Lunguinho (2014), que conduziu a primeira pesquisa formal sobre a aquisição de modais no PB, indicando que há um padrão na aquisição, comparado a outras línguas, no que se refere ao aparecimento de dados modais de raiz preceder aos modais epistêmicos. A partir de análises dos nossos dados, confirmam-se os achados de Lunguinho (2014) em grande medida. Em relação ao teste experimental aplicado em crianças de 6-7 anos somado a um grupo controle de adultos, observou-se que os adultos apresentam comportamentos distintos nos contextos epistêmico e de raiz, como já evidenciado por Pessotto (2015): a preferência por dever no contexto epistêmico é evidente, enquanto no contexto de raiz, há um uso maior do modal ter que, embora em proporções não tão altas. Já as crianças não mostram comportamento distinto entre os contextos, embora o percentual de uso de dever no contexto epistêmico seja um pouco mais alto do que o uso de ter que no contexto de raiz, o que indicaria uma tendência na direção dos adultos, embora ainda não estatisticamente significativa, o que parece sugerir que a força modal mais fraca de dever ainda não está totalmente adquirida |