Trajetória, desenvolvimento e realização profissional na área de saúde: atravessamentos de gênero e raça

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Castro, Marcia Nana de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20182
Resumo: Temos testemunhado um avanço da mulher no mercado de trabalho nos últimos anos com uma redução da desigualdade de gênero no contexto laboral brasileiro. Atualmente, as mulheres acessam o ensino superior e são maioria em todos os níveis de ensino até o doutorado, sendo predominantes nos cursos da área de saúde, inclusive Medicina e Odontologia, que eram profissões majoritariamente masculinas. Porém, muitas profissionais ainda enfrentam preconceito ou dificuldades em suas carreiras por serem mulheres e esses avanços ainda não são tão consistentes quando nos referimos à ocupação dessas profissões por pessoas de diferentes perfis raciais. Assim, o objetivo da presente pesquisa foi realizar comparações de gênero e de cor/raça acerca da satisfação no trabalho, da autoeficácia, do desenvolvimento e da realização profissional em trabalhadores de nível superior na área da saúde e investigar atravessamentos de gênero e cor/raça nas trajetórias profissionais de mulheres nessas carreiras. Para atingir tal objetivo, foram realizados dois estudos. O primeiro foi um survey com uma amostra de 444 participantes, (54,5% mulheres e 59% declararam-se como brancos/as). Os/As pesquisados/as atuam em diferentes profissões de saúde, com predomínio da Odontologia (26,6%), seguida por Psicologia (14,4%), Medicina (13,7%) e Enfermagem (13,3%). Foram aplicadas quatro escalas, todas elas com evidências de validade para amostras brasileiras e com adequados indicadores índices de ajuste. A análise de dados foi de comparação de grupos, sendo realizados testes t de Student e cálculo do tamanho do efeito (d de Cohen). Para o segundo estudo, foram realizadas entrevistas com uma amostra de 14 mulheres, divididas entre sete brancas, seis pardas/pretas, e uma indígena/chilena. Profissionais das áreas de Medicina, Odontologia, Nutrição, Psicologia e Enfermagem estiveram presentes nos grupos de entrevistadas brancas e pardas/pretas, enquanto Fisioterapia apareceu apenas entre as profissionais brancas e Serviço Social entre as profissionais pardas/pretas, além de uma indígena/chilena na área de Odontologia. Utilizamos um roteiro para entrevista semiestruturada, que passou previamente por análise de juízes, além de uma entrevista piloto. As entrevistas foram realizadas em plataforma on-line, com gravação e posterior transcrição das falas. O corpus textual foi submetido a análise de conteúdo categorial. Os resultados do estudo quantitativo apontaram poucas diferenças em termos de gênero (com médias significativamente distintas apenas em realização profissional, na meta de conservação, em que o grupo masculino apresentou escores médios mais elevados que o grupo feminino). No entanto, as diferenças de cor/raça foram expressivas, com resultados favoráveis às profissionais de saúde da cor branca em termos de satisfação com a promoção, com os colegas e com a chefia, bem como em termos de autoeficácia, desenvolvimento profissional e algumas variáveis de realização profissional. Os resultados do estudo qualitativo apontaram para discriminações e estereótipos de gênero nas experiências das profissionais de saúde, mas confirmaram que os preconceitos vivenciados pelas mulheres pardas/pretas são muito maiores. Os achados obtidos convergem com a literatura que aponta de forma contundente para o racismo estrutural na sociedade brasileira. Tomados em conjunto, os resultados dos dois estudos apontam para a necessidade de ações que possam reverter as desigualdades identificadas.