Entre almas negras e corpos denegridos: cartografia da (in)suspeição em ações de abordagem policial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rocha, Bárbara Silva da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15236
Resumo: As abordagens policiais são situações cotidianas entre parte da população e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. No encontro diário com as inúmeras pessoas que cortam as ruas e avenidas da cidade, ao policial militar é demandado o reconhecimento, quase que imediato, de qualquer indício que sua experiência entender como destoante da manutenção da ordem na dinâmica dos espaços públicos. O presente trabalho anseia acompanhar as forças e fluxos que compõem o processo de construção da suspeita em ações de abordagem pela polícia na capital fluminense. Para tanto, foram realizadas vinte e quatro entrevistas com homens da Polícia Militar e jovens rapazes que vivenciaram a experiência de abordagem, respectivamente, na condição de agente operador da lei e de suspeito. As análises aqui propostas são orientadas pela metodologia cartográfica e amparadas pelos conceitos teóricos da pesquisa-intervenção desenvolvida, dentre outros, por Gilles Deleuze, Félix Guattari e Suely Rolnik. Deste modo, não se pretende incorrer em denuncismos ou perseguir culpados, mas apontar e provocar tensionamentos nas estruturas enrijecidas visando fazer emergir novas matérias de expressão. A pesquisa almeja, ainda, colocar em análise a política de guerra às drogas que parece justificar e nortear as ações de segurança e, portanto, o modo de funcionamento das práticas de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública afiançadas no recrudescimento punitivo sob o viés racista que estrutura o país. Neste sentido, os jovens negros, sobretudo das áreas favelizadas, indicam ser os alvos preferenciais das malhas de captura que, seletivamente, restringem direitos à medida que os expõe a situações de maior vulnerabilidade. Finalmente, a partir da constatação da ausência de conteúdo definidor preciso em lei que garanta a prática, a noção de tirocínio, habilidade própria aos agentes de polícia, permite movimentar e fazer pensar que subjetividades têm sido produzidas e atualizadas quando do processo de construção da suspeita em ações de abordagem