A experiência negra de ranqueamento social na Uber: uma reflexão racializada da vigilância contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Evangelo, Naiara Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Comunicação Social
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22880
Resumo: O objeto desta pesquisa é a experiência de ranqueamento social de usuários e motoristas negros da empresa de transporte privado Uber. Como recorte, enfocamos a vivência de usuários e motoristas negros na cidade do Rio de Janeiro e o sistema de avaliação da empresa, observando como ela aparece na lógica contemporânea da vigilância. A partir de discussões e observações realizadas em pesquisa exploratória, o estudo questiona: na ambiência da Uber, com mecanismos de vigilância de dados em operação, de que modo os negros estão vivenciando a lógica social de ranqueamento? A cartografia foi a metodologia escolhida para o estudo, considerando a possibilidade de acompanhar processos e em sua aposta na experimentação, com procedimentos flexíveis de produção de dados, bem como o seu caráter de pesquisa- intervenção. Assim, o objetivo principal da pesquisa é investigar essa vivência com o intuito de mapear as características da vigilância contemporânea. Entre os objetivos específicos estão apresentar uma análise majoritariamente de intelectuais racializados e ampliar a análise da vigilância contemporânea também com um recorte racializado. O arcabouço teórico da pesquisa passa por três eixos: os estudos de vigilância, as teorias decoloniais e a Teoria Ator-rede. Entre os autores que figuram como principais referenciais teóricos estão Michel Foucault, Fernanda Bruno, Silvio Almeida, Bruno Latour, Achille Mbembe, Simone Browne e Ruha Benjamin. Os principais achados da pesquisa são: 56% dos 43 interagentes com o questionário da pesquisa percebem de alguma forma o impacto de suas origens étnico-raciais na nota construída dentro do sistema de avaliação da Uber e também em suas experiências na plataforma. Essas experiências foram sistematizadas nas categorias: a) Criminalização étnica; b) Racismo velado; c) Racismo escancarado e d) Manutenção da subalternidade. Outra observação também foi a constatação que o sistema de avaliação, a validação biométrica de usuários e motoristas e o abrangente banco de dados da empresa são construídos por elementos humanos e não humanos e, nessa interação, há a construção e o reforço de novas formas de opressão racial, o que coloca em xeque a ideia de neutralidade tecnológica. Por fim, conceituar uma sociedade de ranqueamento, que emerge dentro do contexto dos serviços e produtos cada vez mais presentes em plataformas digitais é uma contribuição importante do estudo.