A estrutura do referente ausente como ferramenta do especismo e outras opressões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bello, Roberta Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22139
Resumo: O conceito de referente ausente pensado por Carol Adams remete-se às ações voltadas para invisibilizar os animais não humanos e toda uma cadeia de violência e exploração por eles sofridas. Tais atitudes vêm consolidar o consumo de proteínas animalizadas e feminilizadas sem que, para tal, o homem se dê conta da contradição existente entre seus valores morais e o hábito de comer carne. Desse modo, os processos de desnaturação da carne, fragmentação e retalhamento contribuem com o referente ausente, visto que afastam a ideia do animal senciente, e seu sofrimento, do pedaço de carne, já sem história e nem mesmo nome. Assim, também se estabelece, em termos estruturais, o uso da linguagem, que renomeia esses seres e seus pedaços, sendo esta outro mecanismo de distanciamento formatado pelo carnismo. Em linhas gerais, o referente ausente permeia a história da humanidade, no sentido de que o homem, encerrado em seu antropocentrismo, se porta como um grande senhor face à natureza, como se a ela não pertencesse, agindo de maneira tirânica contra quem considera inferior. Nesse sentido, pode-se afirmar que o especismo, o racismo, o sexismo e outras opressões são operadas através de uma mesma estrutura, um mesmo sistema de crenças, que apresenta apenas um modo de ser e de viver (esse do macho, branco, hétero, cis, viril e comedor de carne) e impede o ser humano de enxergar para além dessa ideologia normalizada. Enfim, assumir o princípio da não-violência requer um modo de vida vegetariano, que contesta a objetificação e o domínio dos corpos, bem como rejeita uma cultura baseada na matança e na violência.