A interdição do feminino no nascimento da burguesia brasileira e alemã no romance burguês

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Couto, Juliana Oliveira do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17409
Resumo: A Alemanha setecentista e o Brasil oitocentista experenciaram os reflexos da ascensão da classe burguesa e a entrada em cena de seus novos valores, pautados no pudor extremo e na sobrevalorização da família. A função social da mulher, excepcionalmente restrita se comparada ao papel desempenhado pelos homens neste contexto social, se restringia ao âmbito doméstico e seus anseios intelectuais eram fortemente desencorajados. Naturalmente, a tarefa da mulher escritora se configurava como um grande desafio, pois vivia-se em uma sociedade engendrada por homens em prol do sexo masculino. É neste período que se enquadram os romances Agnes von Lilien (1798), de Caroline von Wolzogen, e Lésbia (1890), de Maria Benedicta Bormann ou Délia, cujas protagonistas se digladiam com as normas sociais impostas por seu tempo, embora cada uma o faça de modos opostos. As tramas de Bela/Lésbia e Agnes são perpassadas pela incongruência existente entre as demandas das normas burguesas e suas próprias aspirações e valores. Também se encontram em conflito entre as exigências de seu interior e o mundo exterior as heroínas de As afinidades eletivas (1809), de Johann Wolfgang von Goethe, e Lucíola (1862), de José de Alencar. Embora Ottilie e Lúcia/Maria da Glória habitem universos distintos, a temática da moral burguesa se faz fortemente presente. Esta pesquisa propõe-se, portanto, a analisar de modo comparativo os romances em questão com suporte em um contexto histórico-cultural do fenômeno de reconfiguração dos papeis sociais provocados pela ascensão burguesa e suas implicações para o sexo feminino e a forma como a literatura reflete tal problemática na escrita fruto da pena feminina e nos escritos de autoria masculina. Entretanto, cabe frisar que as obras de Wolzogen e Bormann figuram como o cerne do presente estudo, constando os romances de Goethe e Alencar como pontos de comparação de segundo plano no que se refere à concepção das protagonistas. O ponto de vista histórico-cultural se pauta ainda no traçamento de um panorama político, social e literário da Alemanha do Setecentos e do Brasil do Oitocentos. Isto tem por objetivo justificar a proximidade das temáticas das obras dos autores supracitados, ainda que a cronologia os afaste