A exposição crônica à cafeína altera a resposta à nicotina durante a adolescência?: susceptibilidade à nicotina, comportamento e neuroquímica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Tavares, Ana Carolina Dutra
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biociências
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16202
Resumo: Cafeína e nicotina estão entre as substâncias psicoativas mais consumidas no mundo e há evidências de associação e interação entre essas drogas. A cafeína é consumida durante toda a vida, já o uso de tabaco frequentemente se inicia na adolescência. Este trabalho tem como objetivo avaliar, durante a adolescência de camundongos Suíços, os efeitos da exposição crônica à cafeína na susceptibilidade à nicotina (subprojeto1), e os efeitos da coexposição sobre diferentes comportamentos (subprojeto2). A exposição à cafeína se estendeu desde o primeiro dia de cruzamento das progenitoras até o último dia de avaliação comportamental das proles. Foram formados 3 grupos experimentais: CAF0,3 livre acesso à solução de cafeína 0,3g/L como única fonte de líquido (n=16 ninhadas); CAF0,1 - livre acesso à solução de cafeína 0,1g/L como única fonte de líquido (n=9 ninhadas); Grupo Controle (CONT) livre acesso à água potável (n=15 ninhadas). No subprojeto 1, em PN30, os animais foram designados para o teste do campo aberto (CA), ou preferência condicionada ao local (CPP). Quantificamos, através de cromatografia líquida de alta eficiência, a concentração de dopamina, DOPAC, norepinefrina e o turnover (DOPAC/dopamina) no córtex cerebral. No subprojeto 2, somente os grupos CONT e CAF0,3 foram mantidos. Em PN30, foram implantadas minibombas osmóticas contendo nicotina (12mg/Kg/dia) ou salina. A coexposição se estendeu até PN45. Os animais foram testados durante a vigência da coexposição, ou em condição de retirada da nicotina. Em PN44 ou PN49, foram realizados o teste do labirinto em cruz elevado (LCE) e o CA; em PN45 ou PN50, ocorreram os testes do reconhecimento de objetos (RO) e o nado forçado (NF). No subprojeto 1, no CA, a nicotina produziu um aumento na locomoção, não houve interferência da cafeína. Foi identificado efeito ansiogênico da maior dose de cafeína, que foi revertido pela administração aguda de nicotina. No CPP, todos os grupos responderam positivamente ao condicionamento com nicotina, não havendo interferência da cafeína. Não foram identificados efeitos da cafeína e/ou nicotina na concentração de monoaminas no córtex cerebral. No subprojeto 2, durante a vigência da coexposição, no LCE, foi identificado efeito ansiolítico da nicotina. Já durante o período de retirada da coexposição, a cafeína apresentou efeitos ansiolíticos. A retirada de nicotina provocou aumento da atividade locomotora e gerou diminuição na atividade exploratória. No CA, os animais expostos à cafeína apresentaram redução na atividade locomotora e aumento no comportamento associado a ansiedade tanto na vigência como na abstinência. No RO, a cafeína causou redução da atividade exploratória. Adicionalmente, foi identificado déficit cognitivo provocado pela nicotina, efeito não encontrado nos animais co-expostos. Durante a retirada da nicotina, o déficit cognitivo não foi mais identificado. No teste do NF, foi identificado efeito anti-depressivo decorrente da exposição à nicotina. Na abstinência da nicotina, a cafeína demonstrou efeitos do tipo depressivo. Esses dados mostram que a exposição crônica à cafeína não altera a susceptibilidade à cafeína durante a adolescência, apesar disso, foram identificadas interações funcionais entre essas drogas nos diferentes testes comportamentais utilizados, sendo necessários estudos posteriores para melhor entender os mecanismos envolvidos nessas interações.