Figurações do Traumático: reflexões sobre o trauma e a traumatização psicológica
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18455 |
Resumo: | Desde a sua origem na medicina cirúrgica do século XVII, o termo “trauma” já recebeu usos tão distintos quanto foram as suas linhas de investigação. Teve seu emprego relacionado à lesão tissular subjacente ao impacto físico capaz de fraturar ossos e romper órgãos; teve sua existência atribuída ao terror da iminência da morte por descarrilhamento ou pela colisão de trens, que tanto atormentavam o imaginário das sociedades urbanas industriais; foi, por fim, relacionado aos procedimentos aterradores da campanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Seja enquanto fratura, seja enquanto efração psicológica, seja enquanto memória coletiva, o conceito de trauma reflete as transformações na interpretação ocidental do sofrimento e do infortúnio, e indica a emergência de uma sensibilidade social contemporânea politicamente orientada para a reparação e para o testemunho. Hoje em sua florescência apoteótica, a pesquisa do trauma reveste seu objeto com a densa tecnologia neurobiológica, prescrevendo, para ele, sistemas fisiológicos, marcadores metabólicos e uma causalidade fisicalista que secundarizou as antigas referências psicodinâmicas pelas quais outrora se revelavam seus mecanismos de instalação. Assim o trauma se tornou um elemento manifesto: foi extraído do território virtualizado da memória – e da representação que a sugeriria – para se tornar visível na objetividade das dobras, dos giros e das seções do aparato cerebral. Esta pesquisa objetivou demonstrar como algumas das acepções presentes na origem da conceitualização do fenômeno traumático, tanto na nomenclatura médica quanto em sua apropriação como conceito operativo nas disciplinas do campo psicodinâmico, são capazes de elucidar a transformação epistemológica que culminou na profunda reconfiguração de suas matrizes explicativas. Em outras palavras, ela procura acompanhar como o trauma psicológico ganhou autonomia sobre as descrições anatômicas para ser, cerca de um século depois, por ela reanexada enquanto fenômeno essencialmente corporal e incorporado à gramática neurocientífica. |