Impacto da depressão no perfil fenotípico e funcional das células T de pacientes com esclerose múltipla: estudo centrado no efeito da serotonina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sacramento, Priscila Mendonça do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Microbiologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19636
Resumo: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica desmielinizante do sistema nervoso central mediada por células T mielina-específicas, principalmente dos subtipos Th17. A gravidade da doença tem sido associada a vários fatores ambientais, tal como a ocorrência de depressão maior (TDM), um transtorno de humor comumente diagnosticado em pacientes com EM e associado ao risco de recaídas clínicas. Sabendo que o TDM tem sido associado a menor produção de serotonina (5-HT), um neurotransmissor com ações imunomoduladoras, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o impacto tanto do TDM quanto da 5-HT em modular o status funcional de células T efetoras e reguladoras (Treg) de pacientes com EM seguindo estimulação in vitro com mitógenos e a proteína básica da mielina (PBM). Enquanto o perfil de citocina e a resposta proliferativa foram avaliados, respectivamente, através de ELISA/Luminex e captura de timidina tritiada, o perfil fenotípico foi determinado via citometria de fluxo. No primeiro artigo, conduzido em pacientes com EM e sem TDM, nós demonstramos que a 5-HT foi capaz de diminuir a produção de citocinas relacionadas ao perfil Th17 e tanto a frequência de células Treg CD39+IL-10+. Ademais, a 5-HT aumentou a capacidade supressiva das células Tregs clássicas em sistemas de cocultura com células T efetoras. No segundo artigo, a ocorrência de TDM potencializou a produção de citocinas relacionadas ao perfil Th17 no plasma e nas culturas de células estimuladas com mitógenos ou com PBM. Adicionalmente, a frequência de células T CD4+ e CD8+ capazes de produzir IL-17, IL-22 e GM-CSF maior em pacientes deprimidos. Curiosamente, a porcentagem de células T CD4+ IFN-+ IL-17+ e IFN-+GM-CSF+ mielina-específicas se correlacionou diretamente com deficiências neurológicas. Em contraste, a ocorrência de TDM não apenas foi associada a menor proporção de subtipos de células TregsCD39+ PBM-específicas, como a frequência dessas células correlacionaram negativamente com gravidade dos sintomas depressivos e deficiências neurológicas. Por fim, a adição de 5-HT às culturas de células de pacientes com TDM foi capaz de reduzir a produção de citocinas pró-inflamatórias produzidas por células T encefalitogênicas. Sendo assim, a depressão aumenta o status inflamatório do paciente com EM e impacta negativamente no compartimento de células Tregs, podendo acarretar no desenvolvimento de novas recaídas clínicas e favorecer um pior prognóstico. Apesar de preliminares, esses achados sugerem que o manejo terapêutico da TDM com drogas antidepressivas à base de inibição de receptação de serotonina pode ajudar a reduzir a atividade radiológica e clínica da EM.