“Medo de falar, medo de morrer, medo de buscar ajuda”: o uso do Cytotec na interrupção da gestação
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética aplicada e Saúde Coletiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21651 |
Resumo: | O misoprostol é utilizado no Brasil para a interrupção voluntária da gravidez desde o fim da década de 1980, porém passou a integrar a lista de medicamentos controlados pela ANVISA em 1986, o que dificultou seu acesso pelas mulheres. Desde então, o medicamento circula de forma ilegal em farmácias, comércios populares e também em coletivos feministas que disponibilizam medicamentos para auxiliar as mulheres no processo de autoatenção da interrupção da gestação. Esta tese teve como objetivo compreender o processo de interrupção da gestação voluntária com o uso do misoprostol a partir da percepção das mulheres e dos profissionais de saúde que prestam atendimento a esses casos. A pesquisa foi realizada por meio de revisão da literatura, observação participante em uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro e entrevistas semiestruturadas com mulheres que usaram o misoprostol e com profissionais que prestam atendimento a elas. Os resultados evidenciaram que o processo de interrupção da gestação com o medicamento é solitário e de grande sofrimento, com muita dor e acompanhado por medo de morrer e de procurar assistência em serviços públicos de saúde. As mulheres tendem a procurar assistência somente em casos de complicações agudas. Essa conduta decorre da criminalização desta prática e dos possíveis maus tratos ao procurarem os serviços de saúde. Os profissionais de saúde manifestaram preocupação quanto ao estado de saúde das mulheres que chegam aos serviços. Destacam que a criminalização afasta as mulheres e causa mortes evitáveis e reforçam a necessidade de cuidado, mesmo aqueles que condenam a prática. Concluímos que diante da negação desses direitos e de todas as barreiras impostas pela criminalização, as mulheres não encontram outra saída a não ser praticando a autogestão da interrupção da gestação, por vezes apoiada pelos coletivos feministas e, de forma geral, acolhidas pelos profissionais de saúde que as atendem. |