Orientação sexual e identidade de gênero: análise de sobrevida a partir da notificação de óbitos por violência no Estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Kleison Pereira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21791
Resumo: O campo da saúde coletiva, compreendendo campo como um espaço social de disputa e poder (Bourdieu, 1983), demonstra sua significância ao incorporar elementos da subjetividade individual e coletiva aos determinantes sociais da saúde. Quando observado as particularidades que permeiam a orientação sexual e a identidade de gênero de grupos sociais, a desigualdade de gênero, a discriminação e o preconceito apresentam-se como termos chaves para a compreensão dos fenômenos de violência. O estudo tem como objetivo geral: analisar o efeito da orientação sexual e identidade de gênero nas bases de dados de mortalidade e violência do Estado do Rio de Janeiro 2015-2020. O método trata-se de estudo observacional, do tipo coorte não concorrente com seguimento passivo. Nesse estudo, aplicamos a técnica de relacionamento probabilístico de dados (linkage) entre a ficha de notificação de violência interpessoal e os óbitos por causas violentas no Estado do Rio de Janeiro, abrangendo o período de 15 de junho de 2015 a 31 de dezembro de 2020. Entre os resultados, 1556 registros de óbitos relacionados a 80.178 notificações de violência formaram a base da coorte do estudo. Nota-se que, proporcionalmente, as causas externas têm 48,59% (n=756) de todas as mortes recuperadas no relacionamento de dados. Nota-se também que mulheres trans tem 4,07 vezes o risco de morrer por causas violentas das mulheres cisgênero e heterossexuais. Ademais, homens cisgênero e heterossexuais tem risco muito maior que (HR 10.13; IC 95%: 7,04-14,59) que as mulheres cisgênero e heterossexuais. Homens trans tiveram elevado risco, mas a relação estatística é limítrofe (p-valor 0,053). No que diz respeito à mortalidade geral, observa-se que o aumento das taxas em relação a idade, a orientação sexual, o sexo masculino atribuído ao nascimento, a cor preta e parda (negra), a menor escolaridade, outras situações conjugais que não sejam o estado civil de solteiro, a presença de deficiências físicas e mentais, recorrências na notificação/acompanhamento e os encaminhamentos para outros pontos da rede de assistência. Por fim, a curva de sobrevida ajustada para cada grupo de interesse do estudo. É notória a redução da sobrevida ao longo do tempo, sobretudo em grupos de identidades masculinas, em travestis e em mulheres trans. O poder de mudança social é possível com a premissa de que o conhecimento e a informação sejam incorporados por todos, principalmente para aqueles onde a realidade social não é um espaço favorável para a vida. O empoderamento e fortalecimento da comunidade LGBTQIA+ mostra-se como uma importante ferramenta na resistência das iniquidades sociais. Espera-se que os resultados obtidos por esse estudo, possam instigar pesquisadores e pesquisadoras, LGBT’s e não-LGBT’s, a se incomodarem com o cenário inseguro de vida dessa população.