Estado, burocracia e gerência: uma análise sobre o agir gerencial no cotidiano dos serviços de saúde.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Peres, Ana Maria Auler Matheus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4749
Resumo: Esta tese teve como objetivo compreender o agir gerencial no cotidiano das organizações dos serviços de saúde no âmbito do estado burocrático brasileiro. Escolheu-se a abordagem fenomenológica para sustentar teoricamente os seus pressupostos básicos. A pesquisa de campo voltou-se para prática cotidiana dos serviços de saúde concebidos não como um espaço de verificação de ideias, mas de produção de conhecimento, e o cenário foi das unidades de atenção básica de Piraí, no Rio de Janeiro, e os seus gerentes, os sujeitos. Foi a partir da leitura da obra Responsabilidade e julgamento , de Hannah Arendt, (2004), e de sua colocação sobre o dente de engrenagem que as questões levantadas ganharam um melhor direcionamento. As categorias centrais teóricas e analíticas do estudo foram: Estado; burocracia; e gerência. Para compreender o funcionamento do dente o agir gerencial foi preciso compreender a burocracia como a máquina que faz funcionar o Estado. As concepções mais importantes norteadoras deste trabalho foram retiradas de Hegel (1997). Este autor destacava o papel do Estado e de sua burocracia como o organizador do bem comum, e o funcionário público como uma classe universal , como um poder neutro, voltado para assegurar a integração dos interesses individuais e particulares. No caso específico da burocracia pública brasileira, vimos que desde os tempos coloniais ela esteve mais submetida à lógica privada do que à pública. Defendeu-se que a construção do SUS deveria obedecer a uma gramática política de corte hegeliano, ou universal, voltado para os interesses comuns, em oposição ao patrimonialismo e ao clientelismo, presentes na burocracia brasileira. No que diz respeito a gerência, discutiu-se a natureza deste trabalho, os conhecimentos necessários para o seu exercício, bem como as especificidades necessárias a ele em organizações de saúde. Defendeu-se que diante das circunstâncias históricas, a implantação de um sistema público de saúde com as características do SUS, exigiria do Estado um esforço consistente no sentido de montar a máquina pública, formar um funcionalismo estatal meritocrático e, particularmente, capacitar gerentes dos serviços de saúde. Dada a fragilidade da máquina burocrática brasileira em geral, das dificuldades do processo de construção da gestão do SUS e do fato de nunca ter sido apontada a necessidade de uma estratégia clara de construção de sua burocracia nos moldes hegelianos, os gerentes dos serviços de saúde tendem a ser meros dentes de engrenagem , condenados a desenvolverem seu trabalho sem condições adequadas e de forma alienada.