Os atropelamentos de vertebrados silvestres no Brasil: como essa problemática de conservação é percebida pela sociedade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Aguieiras, Marcia Regina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20800
Resumo: É um grande desafio conciliar o desenvolvimento econômico e social com questões de conservação ambiental, como por exemplo os atropelamentos de fauna silvestre em rodovias. A Ecologia de Estradas é o ramo de estudo que investiga os impactos das rodovias sobre o ambiente e visa propor medidas de mitigação, com ênfase nos problemas decorrentes do atropelamento de fauna silvestre. Nessa tese a Ecologia de Estradas foi abordada em três frentes: a revisão bibliográfica de trabalhos que envolvessem registros de atropelamentos de fauna de vertebrados em rodovias no Brasil; o estudo de caso da estrada parque (RJ-165) no Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ), envolvendo o registro espacial de atropelamentos e a análise da percepção dos usuários desta rodovia em relação ao atropelamento de fauna. A busca na web por publicações em ecologia de estradas e fauna atropelada resultou na obtenção de 89 artigos publicados entre 1988 e 2018. Foi feito um levantamento sobre a metodologia adotada e sobre animais atropelados. A análise indica que houve maior número de atropelamentos registrados em rodovias localizadas na Mata Atlântica, no estado do Rio Grande do Sul. Foram compiladas informações sobre 27.459 indivíduos atropelados, pertencentes a 40 ordens, 121 famílias e 650 espécies das classes de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Os mamíferos foram os mais acometidos (54%). Registros sobre a fauna de vertebrados silvestres atropelados na rodovia RJ-165 entre 2013 e 2016 foram extraídos de relatórios elaborados por equipe técnica que monitorou, de acordo com as exigências legais explicitadas nos documentos do Licenciamento Ambiental, a fauna atropelada antes e durante a execução da obra de pavimentação. No período de monitoramento foram encontrados 314 espécimes. Cada espécime atropelado foi georreferenciado com auxílio do software Siriema. Ao longo da rodovia foram identificados pontos críticos de atropelamentos, que diferiram entre os grupos taxonômicos. Uma curva de acumulação de espécies foi gerada e não mostrou estabilidade. Foram aplicadas 111 entrevistas semiestruturadas em Paraty (RJ) e Cunha (SP). Dos entrevistados, 98% afirmaram ter havido benefícios após a pavimentação da rodovia. A observação de fauna atropelada (41% dos entrevistados) se concentrou nos gambás, serpentes e cachorros. Quanto ao hábito locomotor, animais terrestres atropelados foram mais relacionados ao atropelamento do que os arborícolas e voadores. Metade dos entrevistados relacionou o lixo na rodovia com a fauna atropelada. Os atropelamentos não são propositais, mas consequentes de imprudências dos motoristas, aliados a falta de medidas de mitigação locais. Esse estudo mostrou que as publicações em ecologia de estradas vêm aumentando, inclusive quando se referem a táxons específicos. Os atropelamentos na rodovia RJ-165 indicaram a existência de pontos críticos entre as classes de vertebrados, relacionados à paisagem. O conhecimento da fauna de áreas próximas às rodovias, a implementação de medidas de mitigação mais efetivas em conjunto com o desenvolvimento de atividades interdisciplinares com a comunidade local, mostrando a importância dos serviços ecossistêmicos, poderão levar a uma melhor compreensão da importância sobre a conservação do meio ambiente associado a um bem-estar social