Estudo etnofarmacológico de Kalanchoe daigremontiana Raym. -Hamet & H. Perrier na terapêutica do câncer gástrico: metabolômica, atividade antimutagênica e antitumoral in vitro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Lays Souza da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biociências
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22674
Resumo: O uso medicinal de plantas evoluiu como uma questão observacional, empírica e de populações ancestrais eram adeptas de remédios à base de ervas para tratar doenças, incluindo o câncer. Kalanchoe sp. possuem aplicações medicinais tradicionais e recentemente foram citadas na literatura como portadoras de propriedades antitumorais. Kalanchoe daigremontiana (Kd) demonstra propriedades citotóxicas em linhagens de células tumorais, incluindo contra tumores gastrointestinais. A investigação da eficácia e segurança no uso popular desses tratamentos naturais é essencial para a validação desses conhecimentos tradicionais através de padrões científicos confiáveis. O objetivo deste estudo foi: (i) aprofundar e compreender a importância etnofarmacológica de Kd; (ii) avaliar um painel comparativo da composição fitoquímica de dois extratos aquosos obtidos à quente e à frio por meio de abordagens metabolômicas de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas; (iii) destacar as propriedades farmacológicas dos compostos mais abundantes na mistura complexa preparada, usando abordagens in sílico; e (v) avaliar o potencial mutagênico, (vi) antimutagênico e (vii) atividade antitumoral in vitro. Extratos aquosos das folhas de Kd foram obtidos através de extração à frio (Kd1) e à quente (Kd2) e testados independentemente em cepas de Salmonella enterica sorovar Typhimurium para avaliar a mutagenicidade. A capacidade protetora dos extratos contra os danos ao DNA induzidos por 4NQO em TA98 e TA100 foram avaliados pelo ensaio de antimutagenicidade seguindo modelos de pré, pós e co-exposição. A atividade antitumoral in vitro contra células de câncer gastrointestinal foi determinada contra linhagens celulares de hepatocarcinoma humano (HepG2) e adenoma gástrico humano (HGC-27) (como controle não tumoral, usamos células estreladas do fígado: FC3H) avaliadas através do ensaio colorimétrico sal de tetrazólio solúvel em água. A abordagem metabolômica revelou um total de 132 metabólitos anotados nos extratos de Kd. Ambos os extratos apresentaram composição fitoquímica semelhante quanto ao número de compostos. Considerando a abundância relativa, Kd1 apresentou maior quantidade de ácidos graxos e esteroides, comparativamente ao Kd2. Nove fitometabólitos presentes nos extratos aquosos de Kd foram preditos (ADMET) como bem absorvidos pelo trato gastrointestinal e cinco apresentaram os melhores perfis farmacocinéticos e físico-químicos, compatíveis com compostos bioativos ou fitofármacos. Os extratos de Kd não são mutagênicos no modelo de teste de Ames e são capazes de proteger as células bacterianas dos efeitos mutagênicos ligados à substituição C-G/A-T por meio de interação intra e extracelular com 4NQO. Kd1 é capaz de ativar o sistema de reparo do DNA em TA100. Em células eucarióticas, ambos os extratos induziram respostas citotóxicas em células tumorais, sendo o extrato Kd1 mais seletivo para célula HCG-27. Kd1 também apresentou melhor resposta frente a linhagens tumorais. Estes achados corroboram não somente os conhecimentos populares sobre esta planta mas também outros dados previamente publicados em revistas científicas