A concepção de natureza na Geografia escolar: uma análise das representações sociais de estudantes do ensino fundamental

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: Martins, Cheles Batista
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores; BR; UERJ; Programa de Pós-Graduação em Geografia - Faculdade de Formação de Professores (FFP)
• Palavras-chave em Português: Representation; Nature; Geography; Geography Teaching; Representação; Natureza; Geografia; Ensino de Geografia; CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA
• Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13479

As transformações socioespaciais têm provocado grandes preocupações acerca dos problemas ambientais e a Geografia possui relevante papel já que um dos seus conceitos-chave é a natureza. Natureza é um conceito de múltiplos significados que variam no tempo e no espaço. Na Geografia, o conceito de natureza passou por diversas transformações que influenciaram o modo de fazer ciência e de ensinar os conteúdos geográficos, tendo possivelmente consequências na elaboração da ideia de natureza pelos educandos. Diante do movimento de renovação da geografia escolar nas últimas décadas em que é chamada a atenção para o seu papel transformador, é possível questionar a concepção de natureza que está sendo construída nas aulas de Geografia. Esta é uma questão de suma importância porque a concepção de natureza influenciará no discernimento dos educandos acerca das questões ambientais. Nesta perspectiva, o presente trabalho possui como objetivo geral a análise da concepção de natureza construída pelos estudantes do ensino fundamental a partir dos conteúdos escolares de Geografia. Os objetivos específicos são: compreensão do conceito de natureza no âmbito da ciência geográfica a partir do século XIX e sua abordagem no ensino; investigação das representações sociais de natureza dos estudantes; análise destas representações sociais discutindo suas relações com as concepções de natureza presentes na ciência geográfica romântica, antropocêntrica e geossistêmica. A metodologia é qualitativa e as ações: 1) revisão teórica sobre a conceituação de natureza na Geografia em três momentos que marcaram sua sistematização e transformações epistemológicas: o paradigma holista, o paradigma positivista e o paradigma ecológico (Moreira, 2008); 2) levantamento das representações de natureza dos estudantes do sexto ano do ensino fundamental com base na teoria das representações sociais (Moscovici, 1978); 3) aplicação de questionários com docentes para a caracterização do grupo participante e informações complementares; 4) análise de conteúdo dos dados levantados. No que tange aos resultados, a concepção de natureza dos estudantes nas aulas de Geografia é plural e multifacetada, pois não se trata de uma visão influenciada por determinada corrente filosófica do pensamento geográfico, mas de ideias que expressam ora uma natureza idílica e contemplativa, e ora uma natureza de uso-recurso. A maioria dos estudantes entende natureza numa perspectiva romântica e naturalista, apresentando-a como uma parte do espaço que não sofreu alteração pelo homem. Outra parcela significativa de estudantes entende natureza numa perspectiva utilitarista e antropocêntrica, colocando-a como recurso indispensável. Portanto, os mapas mentais e falas apresentam uma ideia de natureza exterior ao homem e que pode ser contemplada e/ou dominada por ele. Os docentes de Geografia partilham da visão de natureza de seus estudantes, caracterizando-a como exterior ao homem, mas ressignificada por ele no contexto de suas práticas sociais. Além disso, afirmam a relevância, as dificuldades metodológicas e as necessárias mudanças no ensino de natureza. O trabalho constata a importância da geografia escolar na construção da representação social de natureza, e aponta como possibilidade teórico-metodológica a aplicação das representações sociais em pesquisas neste campo.