Casa de Parto David Capistrano Filho: a participação das enfermeiras nas lutas do campo obstétrico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Moura, Carla Fabíola Sampaio de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11466
Resumo: Trata-se de um estudo de natureza histórico-social, cujo objeto são as lutas simbólicas para criação e implantação da Casa de Parto David Capistrano Filho. A delimitação temporal do estudo abrange o período de 2002 a 2004. Os objetivos da pesquisa são: descrever as circunstâncias que determinaram a criação e implantação da Casa de Parto David Capistrano Filho (CPDCF) no Rio de Janeiro; analisar as lutas empreendidas pelos diferentes agentes para a criação e implantação da Casa de Parto David Capistrano Filho; e discutir os efeitos simbólicos das lutas para as enfermeiras no campo da obstetrícia. A pesquisa teve como suporte teórico os conceitos do sociólogo francês Pierre Bourdieu e utilizou o método da história oral temática. O estudo contou com treze agentes, cujas entrevistas foram gravadas e transcritas, respeitando-se os aspectos éticos da Resolução 196/96. As fontes primárias do estudo foram os depoimentos, legislações, decisões judiciais, projetos, atas e artigos. Os resultados revelam que as concepções do Movimento Feminista, os pressupostos teóricos do movimento de humanização do parto e nascimento, a posição política liderada pela OMS e pelo Ministério da Saúde e as condições sociais e políticas no município do Rio de Janeiro se constituíram em estímulos para a criação da CPDCF. Diante disso, agentes do campo obstétrico se envolveram em lutas simbólicas, e associações da classe médica passaram a lutar contra a criação e implantação da CPDCF. Nessa luta, as enfermeiras foram instigadas a transformar em práticas as disposições incorporadas (habitus) durante sua trajetória social e profissional, quando fizeram alianças com diversos segmentos sociais, buscando implantar a CPDCF e, posteriormente, manter essa unidade de saúde como um espaço da enfermagem obstétrica. Com a implantação da CPDCF, as enfermeiras obstétricas aumentaram seu capital global, conquistando autonomia, o que lhes proporcionou ocupação de posição em uma estrutura hierarquizada e hegemonicamente médica, gerando prestígio para essas profissionais e publicidade para os resultados de seus trabalhos, embora isso seja limitado a alguns espaços da SMS/RJ. A falta de articulação da enfermagem foi considerada um dificultador para a expansão do trabalho das enfermeiras obstétricas e desse modelo assistencial, corroborando o modelo medicalizado de assistência a mulher em processo de parturição, predominante nas unidades de saúde do município. Face às questões levantadas no estudo, dá-se como sugestão que os gestores da saúde estimulem a criação de ambientes favoráveis ao parto e nascimento saudáveis, e que as associações de classe da enfermagem se articulem para desenvolver estratégias de apoio ao trabalho das enfermeiras obstétricas.