Estrangeira no paraíso: estágio de invasão e contribuições para o manejo de uma palmeira exótica em uma ilha na Floresta Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Zucaratto, Rodrigo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4903
Resumo: O número de espécies exóticas com potencial de se tornarem invasoras tem aumentado nas últimas décadas, com ecossistemas insulares correspondendo à metade das áreas do globo com ocorrências conhecidas de plantas exóticas. Ilhas possuem altas taxas de endemismo e a invasão destas áreas por plantas exóticas pode levar à extinção de espécies nativas. Estabelecer programas para a prevenção e o manejo de espécies invasoras em ilhas deve ser prioridade. Este trabalho teve como principal objetivo avaliar os processos de invasão relacionados com a palmeira exótica Roystonea oleracea na Ilha Grande, RJ, Brasil e fornecer subsídios para o manejo da espécie. Mais especificamente, (i) identifiquei as áreas de ocorrência da palmeira e quais destas áreas são prioritárias para o manejo; (ii) avaliei a dinâmica populacional da espécie, analisando as taxas de crescimento populacional (λ) e quais taxas vitais mais impactam os valores de λ e; (iii) identifiquei os vertebrados que interagem com os frutos da palmeira e como estes vertebrados contribuem para a expansão ou retração da espécie na ilha. Percorri as principais trilhas e locais habitados da ilha e identifiquei sete áreas com presença de R. oleracea. Três destas áreas tinham um elevado número de indivíduos e foram utilizadas para o estudo da dinâmica populacional. Para este estudo estabeleci parcelas de 40 x 40 m, onde marquei todos os indivíduos dos quais medi o diâmetro na altura do solo (DAS) e obtive suas coordenadas geográficas. De 2015 a 2018, realizei um censo anual em cada população e medi a sobrevivência (S), crescimento (C) e fecundidade (F) de todos os indivíduos. Para o cálculo das taxas crescimento populacional (λ) e dos parâmetros do ciclo de vida utilizei modelos de projeções integrais (IPM). De maneira geral, observei que indivíduos com menores DAS foram os que tiveram menor sobrevivência ou se mantiveram em estase. Já indivíduos com maiores DAS foram os que mais sobreviveram, mudaram de tamanho e se tornaram reprodutivos. Nas três populações as taxas de crescimento se mantiveram estáveis e em torno de 1. Observei também que a sobrevivência e o crescimento de indivíduos com maiores diâmetros foram as taxas vitais que mais impactaram o λ da palmeira. Ações de manejo que visem a retirada destes indivíduos nas populações são essenciais para reduzir as taxas de crescimento populacional da espécie. O estudo das interações com a fauna foi feito na maior população de R. oleracea da Ilha Grande, onde selecionei 10 palmeiras adultas, disponibilizando sob cada, 180 frutos e uma armadilha fotográfica. Obtive 124 registros (81 de predação; 43 de dispersão) de oito espécies de vertebrados terrestres, a maioria roedores e todos generalistas em relação aos hábitos alimentares. Identifiquei que a palmeira está na última etapa do processo de invasão, a fase da dispersão. Neste estágio a espécie já é considerada invasora e medidas de manejo devem ser aplicadas. Apesar dos animais que consomem os frutos serem generalistas, recomendo que o manejo de R. oleracea seja feito de forma gradual, substituindo a palmeira por uma espécie nativa, como o palmito-juçara Euterpe edulis. Recomendo também, que qualquer decisão de manejo considere a participação da sociedade civil, em especial os moradores locais.