Processos de construção da fórmula “ideologia de gênero”
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16577 |
Resumo: | O termo “ideologia de gênero”, tão popular quanto vago e polêmico, está presente em diversos âmbitos, de missas a projetos de lei. Nesta pesquisa, utilizaremos ferramentas da análise do discurso (DEUSDARÁ; ROCHA, 2018; SANT’ANNA, 2003; MAINGUENEAU, 2008) para acompanhar o processo de construção do objeto “ideologia de gênero” e de sua consolidação em fórmula (KRIEG-PLANQUE, 2010). Adotamos a cartografia (PASSOS, KASTRUP; ESCÓSSIA, 2015) como posicionamento ético-político diante da pesquisa, privilegiando a processualidade ao estabelecimento de metas, e a análise das implicações à pretensão de neutralidade. Em um primeiro movimento de análise, focaremos na circulação do termo “ideologia de gênero” e sua alçada ao status de fórmula. Para isso, caminharemos por uma extensa e heterogênea rede discursiva que engloba – entre outros atores – instituições vaticanas, órgãos paroquiais, políticas de estado, campos acadêmicos diversos e artigos jornalísticos, guiados sempre por um fio: a utilização da fórmula “ideologia de gênero”. Em um segundo movimento, buscaremos analisar o processo de construção do objeto “ideologia de gênero” através da linguagem. Para tal fim, utilizaremos como córpus primário de análise textos cujos autores, autodenominados “contra a ideologia de gênero”, buscam definir e apresentar a “ideologia de gênero” a seus leitores, a fim de alertá-los a seus perigos. Nos debruçaremos sobre estratégias linguísticas empregadas em tais textos para construção da “ideologia de gênero”, examinando alguns efeitos de sentido evocados no processo – “ideologia de gênero é uma ameaça às crianças”, “ideologia de gênero é anticientífica”, etc. –, e denunciando a utilização do discurso relatado para evocar tais sentidos, seja na forma de direcionamento a interpretações errôneas – como fazem, por exemplo, ao estabelecer uma relação de afinidade entre as obras de Judith Butler e John Money –, seja por meio da adulteração de citações de diversos autores, como Karl Marx e Kate Millett. Ao longo das análises, observaremos a potencialidade da linguagem-intervenção para a construção de realidades, uma vez que tais textos são responsáveis por criar o próprio objeto que denunciam. Ofereceremos também algumas possibilidades para a utilização da potência da linguagem-intervenção no combate aos efeitos negativos concretos que a circulação da fórmula “ideologia de gênero” traz não só à população LGBT e às mulheres, mas também às crianças que os próprios criadores do termo dizem defender |