"Que sejam as mães da pátria" - histórias e memórias do Curso Normal Rural de Cantagalo
Ano de defesa: | 2011 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação - Processos Formativos e Desigualdades Sociais |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/9881 |
Resumo: | O Curso Normal Rural de Cantagalo, único do gênero, em todo o estado do Rio de Janeiro, foi criado em 1952, durante o governo de Ernani do Amaral Peixoto. Tinha como principal objetivo implantar, no meio rural, escolas de formação de professores primários, como estratégia de fixação das populações campesinas. O mérito dessa escola experimental era a proposta de formar professoras que pudessem atuar em suas respectivas localidades, sem que precisassem emigrar para os grandes centros urbanos. No início dos anos 30, constituiu-se o discurso de combate ao urbanismo e legitimação da escola rural como campo de experiência e ensaio de processos agrícolas modernos, diferenciando a escola de zona rural, a de zona urbana e a litorânea. O chamado "ruralismo pedagógico" defendia a urgência da "ressurreição agrícola no Brasil" e a importância do ensino agrícola prático em escolas rurais, ressaltando práticas formativas e pedagógicas ligadas às ideias de valorização do meio rural e conservação de seus recursos naturais como propostas de modernidade educacional pretensamente adequadas às regiões interioranas. Do projeto inicial do Curso Normal Rural à execução, na prática, de sua proposta pedagógica no "torrão cantagalense", houve uma sensível distância - o que revela a dicotômica inserção deste ideário com lastros tanto na tradição local quanto na expectativa de progresso. Constatou-se, no entanto, que a proposta de formação oferecida às normalistas ruralistas era mais avançada do que a realidade das escolas, estando além de suas possibilidades e infraestrutura. Depoimentos de ex-alunos e ex-educadores da instituição revelam que as egressas do Curso Normal Rural não conseguiam aplicar o que aprendiam em sua docência, e que nem a mentalidade dos dirigentes escolares da época e das comunidades para as quais retornavam as ruralistas permitia as tão comentadas inovações pedagógicas. O presente trabalho investiga questões que remetem a uma determinada assimetria ou descontextualização entre a formação das professoras do Curso Normal Rural de Cantagalo e o arcaísmo que vigorava na rede de ensino primária, nas mentalidades e na infraestrutura da ambiência escolar. Em outras palavras, a triangulação entre Estado (formulação de políticas públicas de formação do magistério para o campo), Escola (projeto pedagógico forjado no ruralismo) e Comunidade (que almejava a inserção de seus filhos no contexto urbano) revela os vértices de mentalidades totalmente conflitantes. É nesse terreno fértil de ideias em assimetria que surge e finda o Curso Normal Rural de Cantagalo. |