Variações espaço-temporais e características funcionais da vegetação de dunas costeiras no Sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sousa, Antonio Janilson Castelo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/7899
Resumo: As zonas costeiras são sistemas altamente dinâmicos e os fenômenos naturais induzem mudanças significativas nas comunidades de plantas. Além disso, fatores ambientais associados com a distância do mar e os atributos do solo podem ter grandes efeitos sobre a vegetação de dunas costeiras. Baseados nestas premissas, os objetivos deste estudo foram avaliar as mudanças na composição de espécies e estrutura da vegetação, no espaço e no tempo, relacionadas com a precipitação sazonal; detectar a variação de espécies e a estrutura funcional em um gradiente de distância do mar; avaliar a variação espacial dos atributos do solo ao longo do gradiente de distância do mar, e a variação temporal destes em função da precipitação sazonal; e apresentar uma lista atualizada das espécies da vegetação de dunas costeiras do estado do Rio de Janeiro. A vegetação foi amostrada durante três anos, nos períodos chuvosos e secos, em três restingas do estado do Rio de Janeiro (Brasil), através de 120 parcelas permanentes de 1 m2 ao longo de transectos perpendiculares ao mar. Foram selecionados 10 atributos funcionais relacionados à dispersão, estabelecimento e persistência das espécies. Foram coletadas 10 amostras compostas de solo em cada área e período, a uma profundidade de 0-15 cm, e realizadas análises química e granulométrica. Além disso, foi realizado o levantamento florístico e bibliográfico da vegetação nas nove regiões de restinga deste estado. Os resultados indicam que a mudança temporal na composição de espécies foi devido à ocorrência das espécies raras localmente, enquanto a mudança na estrutura da vegetação (cobertura, frequência, dominância) foi relacionada com a precipitação sazonal e a dinâmica costeira. No entanto, foram encontrados padrões temporais distintos na composição e estrutura das três áreas, possivelmente devido aos filtros ecológicos e heterogeneidade dos ambientes. Sazonalmente, nos períodos chuvosos houve aumento da frequência e cobertura total das espécies, enquanto nos períodos secos houve redução. Deste modo, as espécies dominantes revezaram-se entre os períodos sazonais influenciadas pela precipitação ou por processos de acreção/erosão de areia. Essas espécies têm atributos diferenciados e esses atributos mudam ao longo do gradiente. As diferenças na estrutura e diversidade funcional em relação ao gradiente de distância indicam processos de filtragem distintos na montagem desses sistemas de dunas. A diversidade funcional foi positivamente associada à distância do mar em duas áreas. Os atributos funcionais mais importantes, associados ao gradiente de distância, foram o comprimento e espessura foliar, a clonalidade e o comprimento de semente. Os resultados também mostraram que alguns atributos do solo variaram ao longo do gradiente de distância do mar. As três áreas apresentaram diferenças na granulometria do solo e correlação positiva entre a capacidade de troca catiônica do solo e o contéudo de matéria orgânica. Somente a soma de bases trocáveis e a capacidade de troca catiônica efetiva apresentaram correlação negativa com a precipitação na área 2, o Na apresentou correlação negativa na área 3, e não houve correlações significativas na área 1. Adicionalmente, não houve variação temporal dos atributos do solo nas três áreas. Foram registradas 98 espécies, distribuídas em 81 gêneros e 38 famílias, sendo as famílias de maior riqueza específica Asteraceae (12 espécies), Poaceae (12 espécies), Fabaceae (11 espécies) e Rubiaceae (6 espécies). A maioria das espécies é de hábito herbáceo, predominando as espécies caméfito-autocóricas. Apresentam ampla distribuição geográfica ou estão restritas a alguns estados brasileiros, e se assemelham mais ao bioma de Mata Atlântica. Esses resultados são importantes na compreensão da dinâmica espaço-temporal, dos atributos funcionais da vegetação de dunas, dos atributos dos solos e conservação dos ecossistemas costeiros