Uma abordagem experimental para avaliar a importância de árvores isoladas para populações de anuros em poças artificiais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Siqueira, Andreza Soares de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23442
Resumo: As árvores isoladas na matriz ocorrem em uma ampla gama de paisagens fragmentadas ao redor do mundo e os poucos estudos existentes sugeriram que elas podem funcionar como “elementos-chave” para a manutenção da biodiversidade, por possuírem uma importância desproporcional à área reduzida que ocupam. Nesse contexto, utilizando uma abordagem experimental - construção de poças artificiais - e os anfíbios como organismos-modelo, o presente estudo avaliou a importância das árvores isoladas na manutenção da diversidade de anfíbios. Foram construídas 30 poças artificiais, sendo 10 localizadas na borda de uma floresta contínua, 10 associadas com árvores isoladas e 10 no pasto aberto. A amostragem de todas as poças ocorreu simultaneamente durante 3 dias consecutivos e a cada 3 meses entre maio de 2017 e maio de 2018. Para identificar quais fatores influenciaram a riqueza e a abundância dos anuros, foram medidas duas variáveis locais, o hidroperíodo e a altura média da vegetação de pasto. Para determinar a importância relativa do tratamento e das variáveis locais sobre as comunidades de anfíbios, foram utilizadas cinco variáveis dependentes complementares: (i) a abundância total de espécies, (ii) a riqueza total de espécies, (iii e iv) abundância das duas espécies numericamente dominantes nas poças, e (v) a composição da comunidade. De forma geral, nossos resultados evidenciam que as árvores isoladas podem desempenhar um importante papel na manutenção das comunidades de anfíbios de poças em paisagens fragmentadas. Poças localizadas sob a copa de árvores isoladas tiveram uma maior abundância total de anfíbios que as poças situadas em pasto aberto, corroborando a hipótese de que as árvores isoladas são focos de biodiversidade (biodiversity foci). Além disso, a composição de espécies de anfíbios foi similar em poças localizadas sob a copa de árvores isoladas e na borda da floresta contínua, confirmando a hipótese de que as árvores isoladas são elementos-chave em paisagens. Tais resultados reforçaram a importância das árvores isoladas na matriz de pasto, não apenas por aumentarem a abundância das espécies de anuros em poças, mas também por propiciarem a manutenção de comunidades mais similares às comunidades de poças próximas às florestas contínuas. A combinação de uma variável ambiental local (hidroperíodo), essencial para a sobrevivência dos anuros, com a presença dessas árvores isoladas no pasto, foi fundamental para a composição de espécies nas poças. Constata-se, entretanto, que apesar do crescente número de estudos sobre a importância das árvores isoladas na paisagem, elas continuam sendo negligenciadas em planos de manejo e conservação, circunstância que realça a relevância socioambiental da presente pesquisa. Nessa perspectiva, como sugestão prática para guiar as futuras ações de conservação, recomenda-se a proteção e o plantio de árvores isoladas em áreas de pastagem, notadamente àquelas associadas às poças naturais. Sugere-se, ademais, a criação ou manutenção de poças artificiais permanentes, com hidroperíodo longo, próximas às árvores isoladas. Trata-se de ações de baixo custo e que podem contribuir substancialmente para a manutenção das comunidades de anuros e de outras espécies.