O pacto ambíguo em O irmão alemão: uma autoficção de Chico Buarque
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6985 |
Resumo: | As obras literárias autoficcionais se proliferam no cenário coevo da produção literária, elevando a autoficção ao patamar de tendência narrativa da atualidade. Contudo, os estudos que se voltam para seu discurso não são consensuais em suas exposições e as teorizações em torno da autoficção geralmente não são confluentes. As teorias não raras vezes são antitéticas, estando algumas perspectivas teóricas acerca da autoficção em posições infensas. O estudo do fenômeno estético autoficcional ainda se desdobra em, pelo menos, duas correntes de pensamento que visam entender a autoficção: a perspectiva estrita, embasada pelas ideias de Serge Doubrovsky, e a perspectiva ampla, alicerçada nos estudos de Vincent Colonna. Imbuída de tantas controvérsias e incertezas, a narrativa autoficcional é uma das temáticas mais aporéticas da Teoria da Literatura contemporânea. Levando em consideração a complexidade das representações autoficcionais, este trabalho visa analisar O irmão alemão (2014), de Chico Buarque, assinalando e pondo em destaque a sua natureza autoficcional: uma obra literária que coaduna deliberadamente elementos ficcionais e elementos factuais e exige um peculiar contrato de leitura estabelecido e selado pelo pacto ambíguo. Em suma, além de um estudo analítico acerca da teoria da autoficção, pretende-se depreender o fenômeno estético autoficcional em sua manifestação na obra O irmão alemão. Pensando na hibridez e na ambiguidade inerentes ao discurso autoficcional, a irrupção de problemas teóricos é inevitável: qual é a especificidade da autoficção? Quais são os discursos que a compõem? Como ela se manifesta como fenômeno estético em uma obra literária contemporânea, especificamente em O irmão alemão? A fim de dirimir tais questionamentos, com base, principalmente, em Manuel Alberca (2007), Anna Faedrich (2014), Philippe Lejeune (2014), Vincent Colonna (2014), Serge Doubrovsky (2014) e Jacques Lecarme (2014), analisa-se criticamente a teoria da autoficção e a sua complexidade. Tal análise não relega a observação do fenômeno em si, posto que o romance O irmão alemão é imbuído de uma estrutura narrativa salpicada de recortes biográficos de Chico Buarque, configurando-se como um fecundo objeto de análise do discurso autoficcional. A análise do romance em si e dos vestígios biográficos inseridos nele foi embasada nas obras teóricas de Regina Zappa (2011), Rinaldo de Fernandes (2013) e Andréa Delmaschio (2014). Verifica-se, ao longo deste trabalho, que o gênero autoficção possui especificidades estéticas em seu discurso, tais como a relação de identidade onomástica, o pacto ambíguo e os fragmentos de existência, que o distinguem de outras formas de escritas de si, sobretudo, da ficção autobiográfica. Também se observa que a obra literária O irmão alemão pertence ao conjunto de obras denominadas autoficcionais, visto que é possível identificar em sua tessitura textual as características essenciais do gênero autoficcional, incluindo a deliberada autorrepresentação por parte do autor, engendrando, ao mesclar dados factuais a elementos ficcionais, o efeito de ambiguidade que reverbera por toda a obra e caracteriza o pacto ambíguo |