Educação das Relações Etnicorraciais e Educação em Ciências: interfaces em uma escola pública da cidade do Rio de Janeiro
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12096 |
Resumo: | O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil fornece importantes indicadores da situação de desigualdade sofrida pela população negra quando comparadaa população branca no que tange o setor educacional.Estes dados deixam explícita a penalização sofrida pelos negros no sistema formal de ensino.O movimento negro sempre reivindicou políticas públicas para combater tal quadro de desigualdades. A Lei 10.639/03 que determina a inclusão da história e cultura da África e afro-brasileira no currículodos estabelecimentos de ensino do país é uma das conquistas desse movimento. No entanto, são poucos os estabelecimentos de ensino que dedicam-se a implementação desta lei, sendo menores ainda os relatos de experiências no âmbito das disciplinas escolares Ciências e Biologia. Por avaliarmos que o ensino das Ciências Naturais pode contribuir de maneira positiva para o processo de reeducação das relações etnicorraciais, neste trabalho investigamos: (i) como questões etnicorraciais atravessam as práticas de um professor de Ciências que se propõe a trabalhar com esta temática? (ii) que condicionantes influenciam e/ou determinam a prática desse professor? O estudo foi realizado a partir da experiência de um professor de Ciências da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro que, reconhecidamente, desenvolve um trabalho nesta direção. Nosso aporte teórico foi desenvolvido no diálogo com autores que abordam a cultura afro-brasileira e a relação desta temática com a educação, tais como Gomes (2002), Munanga (2003), Trindade (2013). Baseamo-nos também em estudos do campo do currículo, particularmente os que abordam a relação entre currículo e cultura, Forquin (1993), Apple (2006), Sacristán (2002).Pararealização deste trabalho adotamos uma metodologia qualitativa, caracterizando-se como um estudo de caso, que teve como objetivo compreender o processo de inserção da temática etnicorracial nas atividades curriculares produzidas por esse professor de Ciências. Para isto procuramos: (i) identificar experiências formativas e pessoais que influenciam a construção de sua prática docente; (ii) levantar e compreender fatores que influenciam as suas práticas e que promovam relações etnicorraciais positivas; (iii) relacionar conteúdos e métodos do trabalho desenvolvido pelo professor com a temática etnicorracial.A partir da análise dos dados e da bibliografia estudada, identificamos que os valores civilizatórios afro-brasileiros, tais comooralidade, ancestralidade, ludicidade e circularidadesão fortemente incorporados à prática do professor, alguns conteúdos de Ciências são mais diretamente articulados com a temática racial, como os referentes ao estudo dos vegetais, classificação dos seres vivos e seleção natural; e que experiências de formação universitária e pré-universitária influenciam seu trabalho, bem como sua situação funcional na referida rede de ensino, o espaço físico da escola e o apoio da direção são alguns dos fatores que o influenciam. De certa forma, a visibilidade que o projeto ganhou garante também sua continuidade. O projeto estudado, longe de ser considerado uma receita a ser seguida, nos trouxe alguns elementos para pensarmos a inclusão dos elementos da cultura africana e afro-brasileira no ensino de Ciências a fim de que os conhecimentos ensinados façam sentido para os alunos, como também possam colaborar com o combate ao racismo ainda tão presente em nossa sociedade. |