Aventuras do personagem-leitor em metaficções de Cervantes, Borges e Calvino (e o que encontrou lá)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ramos, Juliana Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5963
Resumo: O personagem-leitor é o ponto de partida desta tese. Ele é o pilar que torna evidente a construção de uma metaliteratura que se busca compreender por meio do conceito de narcisismo literário (HUTCHEON, 1984) voltado para o processo de recepção; é a chave de acesso do leitor ao mundo intersticial que se manifesta entre ficção e realidade (PIGLIA, 2006, p. 26), e entre ficção e reflexões críticas e teóricas, sendo um entrelugar (BHABHA, 1998). Essa figura é determinante para a seleção do corpus central de estudo: produções que, discutindo também a figura e o papel de personagens-leitores conscientes do ato da leitura, perscrutam representações da arte de ler e do leitor de literatura. São elas: Don quijote de la Mancha (1605/2009), de Cervantes, os contos Pierre Menard, autor del Quijote , Examen de la obra de Herbert Quain e El jardín de senderos que se bifurcan , de Ficciones (1944/1984m), de Borges, e Se una notte d inverno un viaggiatore (1979/2002), de Calvino; textos que, em razão do discurso crítico e teórico que desenvolvem, evidenciam-se enquanto manifestações tangíveis de recepção e como expressões de um ensaísmo resultante do autocentramento. Ao analisá-las, objetivam-se compreender e discutir os mecanismos de articulação e funcionamento dessas redes de simulacro em que se insere o leitor e refletir sobre os efeitos de sentido produzidos a partir dos procedimentos adotados, predominando a observação do texto enquanto espaço de presentificação da metatécnica (BAUDRILLARD, 1991) relacionada à recepção. Nesse contexto, reconhece-se que cada uma dessas obras é uma materialização da leitura de personagens-leitores-autores de ficção que são grandes conhecedores de ficção e que, conscientemente, praticam a chamada recepção autoral, colocando-a em protagonismo e empregando-a como uma estratégia para alcançar um livro infinito, uma leitura eterna e, portanto, também uma espécie de biblioteca infinita. Percebe-se, ainda, essa série de interseções como um centro invisível que instaura a aparição de dois espectros: leitor-militante e leitor-eterno. Cabe destacar a discussão sobre os termos desenvolvidos: centros invisíveis (pontos de interseção intra e/ou extratextual que se estabelecem livremente, podendo ou não se tornarem conhecidos), leitor-autor (mais do que coautor; com sua força criativa, extrapola os limites do leitor implícito e do leitor-modelo), recepção autoral (realizada pelo leitor-autor em sua atividade criadora), leitor-militante (tipo específico de leitor-autor que emprega a recepção autoral em favor de uma causa) e leitor-eterno (espectro cuja aparição se instaura junto à do livro e da biblioteca infinitos). Esses elementos estéticos são examinados também enquanto produtores de simulacros (BAUDRILLARD, 1991) dotados de plasticidade e que se manifestam em encruzilhada (PUCHEU, 2004), multiverso (HAWKING; HERTOG, 2018) e espectro (DERRIDA, 1994); por conseguinte, estudam-se também: texto-encruzilhada, texto-multiverso e texto-espectro noções propostas neste trabalho. E percebe-se que obras como essas investigadas tornam, pela metatécnica, o leitor consciente do texto lido e do seu artifício (BARTHES, 2007), mas também de si, e de sua prática leitora, projetando para o leitor um espelho em que se (re)conhecer e apontando novas formas de compreender e interpretar a recepção de produções literárias, como o é a estética da recepção autoral