Escassez hidroambiental na produção do espaço urbano do oeste da região metropolitana do Rio de Janeiro: crises e conflitos na gestão e provisão de água das redes do sistema Paraíba-Piraí-Guandu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Cerqueira, Danilo Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Instituto de Geografia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23706
Resumo: A presente tese investiga a produção da escassez hidroambiental e suas relações com os problemas de abastecimento do Oeste Metropolitano do Rio de Janeiro. Busca-se evidenciar que essa escassez, no que se refere à distribuição da água para múltiplos usuários do meio metropolitano, é socialmente produzida e não apenas causada por oscilações naturais. O estudo aborda como o a lógica de uso do solo e da água influenciam historicamente nas condições ambientais das redes de drenagem e ditam o funcionamento das redes técnicas que abastecem oeste metropolitano. Para isso, observou-se a dinâmica do Sistema Paraíba-Piraí-Guandu (PPG). O objetivo geral foi evidenciar como a produção da escassez está associada a períodos de crise hídrica e à lógica de uso e distribuição da água. Os objetivos específicos incluíram a representação espacial das redes hídricas e técnicas, a identificação dos principais períodos de crises hídricas, a análise do impacto das atividades produtivas, a proposição de cenários futuros para o uso do solo e a formulação de estratégias mitigadoras na gestão da água disponível nas bacias hidrográficas. Na primeira das cinco fases da metodologia, contextualizou-se o funcionamento atual das redes hídricas do Sistema PPG. Após, foram realizados levantamentos bibliográficos e mapeamentos para identificar crises históricas e suas implicações. Também, analisaram-se variáveis associadas à escassez. Na quarta fase, utilizaram-se técnicas de geoprocessamento para projetar tendências e cenários futuros até 2032. Por fim, elaboraram-se medidas e estratégias para mitigar os impactos das crises hídricas e promover a equidade no acesso à água. Os resultados revelaram que o Oeste Metropolitano enfrenta um quadro crônico de insegurança hídrica oscilante, decorrente de um histórico de decisões excludentes, períodos de estiagem e da concentração de poder econômico e político em núcleos urbanos metropolitanos centrais. Identificou-se que a gestão das redes favorece regiões mais privilegiadas, assim como complexos industriais ou centralidades econômicas, em detrimento de áreas periféricas, que frequentemente sofrem com interrupções no fornecimento. Ademais, algumas deterioram constantemente a qualidade da água das redes de drenagem e podem ter contribuído para o desequilíbrio no balanço hídrico. A análise dos cenários futuros indicou três possibilidades: um cenário catastrófico, caracterizado pela deterioração contínua das condições hidroambientais; um cenário provável, de manutenção da realidade; e um cenário ideal, baseado na adoção de planos inovadores, gestão participativa, políticas públicas inclusivas e projetos sustentáveis. Entre as propostas destacadas estão o fortalecimento do planejamento metropolitano territorial, a implementação de tecnologias alternativas, a ampliação da participação comunitária na gestão participativa dos recursos, o combate à privatização de serviços essenciais, dentre outros. Conclui-se que a escassez hidroambiental no recorte espacial é um reflexo das dinâmicas desiguais de desenvolvimento econômico e da gestão inadequada dos recursos hídricos. A tese reforça a necessidade de ações integradas que combinem justiça social, sustentabilidade ambiental e eficiência técnica para superar os desafios relacionados ao abastecimento coletivo e ao próprio desenvolvimento econômico do estado.