Identidades em trânsito: deslocamentos e subjetividades em Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo, e Combi, de Ángela Pradelli

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Renata Flávia Marcolino de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6278
Resumo: A presente pesquisa se dedica a identificar os efeitos dos deslocamentos nas subjetividades contemporâneas através da análise das obras Combi (2008), de Ángela Pradelli e Passageiro do fim do dia (2010), de Rubens Figueiredo. As narrativas contemporâneas constroem um cenário no qual o espaço desocupa a função de plano de fundo para tornar-se protagonista. Os constantes deslocamentos representam o novo caráter das sociedades contemporâneas, transformam conceitos considerados até então fixos e aproximam espaços e indivíduos. Através dos meios de transporte e do desenvolvimento de novas tecnologias, as viagens se tornam muito mais frequentes e permitem a inserção de indivíduos em espaços caracterizados, agora, por seus aspectos fluidos, sendo capazes de sofrer diversas reconfigurações. As reestruturações desses espaços permitem ou impedem o contato entre os seus ocupantes e com o próprio espaço em que estão inseridos. Quando não há interação, os espaços se transformam em não-lugares e se tornam ausentes de qualquer tipo de expressão de subjetividade. Contudo, quando as máscaras da civilidade são retiradas e ocorrem relações sociais entre os sujeitos, esse espaço ganha o caráter de lugar, permitindo, ainda, o contato com uma outra cultura ou outra identidade de grupo. O contato com o Outro implica em um constante processo de reconfiguração identitária. Por essa razão, a questão da identidade e do espaço se coloca em evidência no plano dos Estudos Culturais, já que são elementos intimamente associados com a experiência do deslocamento vivida rotineiramente pelos sujeitos contemporâneos. Para responder a essas indagações, nos apoiamos, principalmente, nas concepções de Hall (2006), García Canclini (2009), Bauman (1999; 2001), Marc Augé (1995), Ianni (2000) e Femenías (2013). Através desse estudo, objetiva-se criar uma rede de conceitos que envolvem a questão da subjetividade na contemporaneidade, a fim de identificar aspectos de reconfiguração nas obras analisadas. Ainda, analisam-se as movências transformadoras dos espaços evidenciados nas obras. Verifica-se que um indivíduo tem a possibilidade de sofrer deslocamentos de natureza diversa e viver a experiência da reconfiguração identitária quando consente a mescla entre os símbolos que compõem sua identidade e os símbolos da cultura de chegada ou mesmo de uma identidade de grupo. Nos romances analisados, identifica-se tanto a permissão dos personagens em viver a mescla de culturas, como o rechaço a essa experiência e o desejo de manter suas raízes culturais bem fixadas. Verifica-se também que o deslocamento identitário é capaz de reestruturar as representações do Outro, isto é, um indivíduo que experenciou o contato com outra cultura ou grupo, reestrutura também a forma de representar os sujeitos que estão ao seu redor. A possibilidade do desenvolvimento de um processo de desfamiliarização em relação aos indivíduos que eram considerados, até então, iguais decorre também a partir dessa reestruturação identitária. Por isso, destacamos o efeito da reconfiguração identitária na representação do Outro no romance do escritor brasileiro Rubens Figueiredo. Da mesma forma, discutimos a formação do estereótipo na obra da escritora argentina Ángela Pradelli.