O labirinto da leitura: entre o autor e o leitor em O ano da morte de Ricardo Reis , de José Saramago
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6843 |
Resumo: | Este trabalho propõe uma análise do romance O ano da morte de Ricardo Reis, do es-critor português José Saramago, que constrói sua narrativa a partir de um heterônimo de Fer-nando Pessoa, de outros textos e personagens da literatura e de acontecimentos e figuras histó-ricos. Publicado em 1984, o romance parte dos dados biográficos da gênese heteronímica pes-soana, fazendo Ricardo Reis retornar a Portugal no final de 1935, logo após a morte de seu criador Fernando Pessoa. O heterônimo a princípio surge apresentando o perfil e as caracterís-ticas pelas quais é conhecido: um sujeito frio e fechado que procura se alhear ao máximo do mundo, um médico monárquico e poeta nas horas vagas, cujo estilo se destaca por sua lingua-gem erudita, pelo uso da ode e por temas e figuras recorrentes, como os deuses, a morte, o tempo e a efemeridade da vida. Ricardo Reis é, assim, o clássico representado, e como tal vai ser questionado e desconstruído ao longo do romance, que vai confrontá-lo com sua visão de que Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo . Para essa análise da recriação de Ricardo Reis no livro, propomos inicialmente uma discussão sobre a autoria, na medida em que, na contramão de uma defesa do autor efetuada por Saramago em diversos momentos, o romance é também uma desmistificação do autor, em especial na confrontação com o heterô-nimo de Pessoa. Abordando os posicionamentos de Saramago a esse respeito e procurando mostrar o quanto sua visão se inscreve numa retomada moderna do autor como unidade pri-meira do texto, com consequências para a leitura, procuramos então nos voltar para a figura do leitor como ponto-chave para pensar a necessária abertura do texto, que é o que permite a leitura e a construção mesma de um romance como O ano. Desse modo, dando mais ênfase a um Saramago leitor-autor, propomos a análise do romance propriamente tendo como foco a transformação de Reis no que ela tem de releitura, como uma trama formada por outros textos e referências, primeiramente Pessoa, mas também outras obras da literatura, sobretudo Camões e Borges, e a própria história, que constitui o espetáculo com que a narrativa confronta o heterônimo-personagem. A leitura e a abertura do texto surgem, então, como ponto de partida e de chegada para pensar os múltiplos labirintos que formam o romance, da literatura à histó-ria, de Pessoa ao dramático período do entreguerras no qual Ricardo Reis é situado |